Vai Andando Que Estou Chegando

As recentes eleições na Catalunha absorveram o interesse de grande parte da opinião pública e dos Medias em geral, com expressão particular no universo em que vivo a maior parte do meu tempo. Os resultados eleitorais expressam o que antecipadamente se previam com a excepção da votação obtida por um homólogo do Chega que passa de uma expressão insignificante obtida nas eleições anteriores, nas quais teve pouco mais que 1,00 % para agora saltar a pouco mais de 7%. De resto evidenciam uma Catalunha divida entre os Constitucionalistas representados pelo PSOE/Catalão, o partido mais votado, e os independentistas, onde predominou o voto na Esquerda Republicana, cujo líder continua preso (embora com direito a voto) por ter incentivado um referendo pela independência há margem da Constituição do Estado Espanhol. Apesar de todo o leque dos independentistas terem a maioria no Parlamento, nem todos defendem soluções de independência de forma radical. Tudo aponta então para um processo negocial, seguramente complexo, para a formação de um futuro governo. No universo em que vivo, apesar do ensino público ser na generalidade dado em catalão, não encontro expressões de independência nas Baleares. Haverá mais vozes, embora sem grande significado, que se pronunciam por uma reformulação do Estado que dê origem a uma Federação, em substituição das actuais autonomias, assente num Governo forte a partir de Madrid. Será assunto, sobretudo o processo da formação do futuro governo, a seguir com curiosidade.

Por cá, as boas notícias que representam uma diminuição de infectados e internados foram em geral recebidas com a cacofonia que marca os sinais dos tempos, nas quais quer por parte de uma geração de comentaristas, cronistas, sábios, especialistas dos vários ramos da ciência, elegíveis em vedetas televisivas, sobre medidas que se deveriam ter tomado, um pouco à imagem dos comentaristas de futebol que acertam sempre no resultado após ter sido jogado a partida.

É também o que me ocorre comentar quanto ao comportamento dos diversos partidos, sobretudo à direita, quando após aprovação das medidas de confinamento no Parlamento, nos dias seguintes as criticarem, procurando na exploração dos factores de crise económica, social, decorrentes dos efeitos da pandemia ganhos políticos, apesar da expressão de consecutivas sondagens continuarem a negar-lhe representação eleitoral que um tanto em desespero procuravam obter, tal como se regista na imensa opinião publicada e televisionada, por comentaristas em sua ajuda. À esquerda sempre me tem sido difícil entender as posições assumidas sobretudo pelo PCP e a sua extensão no Partido os Verdes, num voto sistemático contra alinhado com a direita, justificado ora por reivindicação de medidas, algumas delas em curso, para alivio dos mais desprotegidos, das quais sublinho o apoio a rendas de casa, alongamento do prazo no subsídio de desemprego, apoio a teletrabalho, salário por inteiro a trabalho intermitente, entre muitas outras, somado ao facto de combate a quem por imprudência ou irresponsabilidade não cumpre as medidas justificadas para conter o contágio.

Mas a grande novidade foi expressa por Rui Rio ao anunciar a necessidade por razões de saúde pública o adiamento das eleições autárquicas para um período de dois meses, medida logo secundada por AV para um universo temporal indefinido. Compreende-se o embaraço político, que assola no centro direita e na extrema-direita representada pelo Chega. O primeiro a contas com divisões internas que se prevê poderem dar a resultados pouco abonatórios para a sua direcção, o segundo porque eleições autárquicas não depende só de uma liderança mas antes de estruturas no terreno de gente conhecida e com provas dadas do seu no reconhecimento das suas capacidades. Adiar eleições pressupõe alteração na Lei Eleitoral a aprovar no Parlamento, para além de conduzir as autarquias para um processo de gestão corrente com o adiamento na aprovação dos respectivos orçamentos. Neste contexto de falsos propósitos compreende-se mal a posição ambígua assumida na declaração de Jerónimo de Sousa sobre tão importante assunto. Realizaram-se eleições presidenciais no pior mês da pandemia, em nada justifica tal adiamento, a não ser que exista gente que não deseja ser contada.

Carlos Figueira
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