Vai Andando Que Estou Chegando

É talvez um dos textos mais difíceis que me propus escrever!

A súbita morte de Fernando provocou-me um desgosto difícil de descrever. Desapareceu das nossas vidas não só um amigo mas um homem bom!

As mortes na sua crueza são o que são. Se houver mortes injustas esta será uma delas, porque não faz sentido roubar de repente a vida a um homem bom!

Faz seguramente quase duas décadas que no decorrer do tempo nos permitiu aprofundarmos uma amizade que se traduzio, entre muitos outros encontros partilhados, como de família se tratasse, nos quais marcaram sempre presença continua Luísa e Irene, amizade que nos ajudou a mim e a Irene, a ultrapassar obstáculos de relacionamento, nunca interferindo, mas sempre aconselhando no melhor dos sentidos. A Fernando e a Luísa devemos essa solidariedade.

Como director e proprietário do Jornal do Algarve Fernando deixa um legado que se pode traduzir na proposta de editar semanalmente um jornal regional, resistindo a todas as dificuldades económicas que tal postura implicava, suportando com toda a coragem os momentos de crises económicas e políticas de tal percurso. Nesse sentido, aqui fica uma homenagem a um homem livre e a Luísa a sua companheira de sempre, como se de um todo se tratasse.

Fernando foi um homem do 25 de Abril! Aberto e plural, abrindo as páginas do Semanário que dirigia às opiniões mais diversas, nas quais me incluo, ao longo de duas décadas, sem que alguma vez tivesse sido advertido sobre o conteúdo dos meus textos. Também aqui fica, da minha parte esse reconhecimento, em momentos em que a imprensa atravessa dificuldades, não só pela ausência de leitores, mas nas quais se incluem, na generalidade, a falta de isenção e pluralidade, num exercício jornalístico desprestigiante para quem exerce essa profissão.

Acompanhamos aqui de Menorca, por iniciativa de Irene e a minha profunda atenção, em conversas praticamente diárias com Luísa, a evolução do seu estado de saúde, desde o momento do seu internamento. Seguimos nos últimos dias com enorme apreensão as notícias que davam conta do avolumar de incertezas, pronunciando sinais de que acabou por acontecer.

A notícia final deixou-nos num estado de imensa consternação. Chorei convulsivamente ao longo de largos momentos a injustiça da sua perda. Ao longo dos dias que se seguiram, a sua imagem tomou conta dos meus sentimentos, como se tivesse em presença de um universo marcado por qualquer “ Realismo Mágico “ de Gabriel.

Fomos au baú das fotografias para recordar os momentos felizes que passamos juntos, Fernando e Luísa, eu e a Irene. Viagens, férias, encontros, o último dos quais em Ayamonte, há bem pouco tempo, para ”tapear”.

Aqui fica a homenagem que fui capaz de traduzir a um homem bom! Acompanhado do sentido de total e empenhada solidariedade a Luísa e as suas filhas Marta e Suzana, porque a vida tem de continuar.

Carlos Figueira

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