A pouco mais de um mês da realização de eleições para a Assembleia da República, com eleições regionais nos Açores no próximo fim de semana, o País convive com uma acentuada crise política e institucional longe, todavia, de uma crise de regime como a direita o desejaria.
Crise institucional pelo comportamento da justiça, sobretudo na sua mais alta hierarquia, que se permite desfazer sentenças, acumular culpas e criticar juízes, sempre com fugas de informação para a comunicação social que faz de assuntos graves como de questões diversas alaridos que dão corpo a primeiras páginas. A chamada “operação Madeira” que envolveu dois aviões da força aérea para transportar duzentos agentes da PJ para investigações múltiplas em todo o arquipélago deu para já como resultado a demissão do Presidente da CM do Funchal imputado em vários crimes e a demissão a custo do Presidente do Governo Regional, também arguido, bem como a prisão preventiva de dois empresários. Espera-se no País que envolvidos esta dimensão de meios, tal dê corpo breve a fundadas acusações. Não deixa de ser marcante que tal operação tenha coincidido por quem decide na justiça no anúncio no próprio dia com a revisão da acusação a José Socrates.
Crise que atravessa o funcionamento do SNS por desatenção ou ignoradas críticas ao seu funcionamento, situação que se alastra ao ensino, no qual há décadas permanecem problemas graves por resolver, entre os quais o pagamento de cortes nas remunerações praticados em tempos de Passos Coelho, crise na habitação por falta de iniciativa pública o que deu origem à especulação desenfreada de privados, problemas com apoios sociais particularmente em torno dos montantes de salário mínimo o que tem dado às mais desbragadas demagogias porque se aproximam eleições.
É deste conjunto diverso de problemas que atravessa a sociedade que o Chega se reproduz num discurso no qual sem a apresentação de soluções credíveis, sustenta a sua estratégia principal para chegar maioritariamente ao poder, Partido que se apresenta como transportador da autoridade e da ordem para acomodar o regime democrático com a alteração da Constituição às teses de xenofobia e racismo acompanhado de limitações ao exercício da liberdade e à eliminação de direitos sociais.
É este o contexto em que vivemos para o qual a esquerda tem de encontrar respostas sem tibiezas tornando claro que perante uma direita fragmentada sem soluções a resposta está em encontrar mecanismos, formas, de negociação com o centro esquerda para dar estabilidade ao País e favorecer o caminho do desenvolvimento e da justiça social.