Vai Andando Que Estou Chegando

Carlos Figueira
Carlos Figueira
Foi membro do Comité Central e da Comissão Politica do PCP até ao XVI Congresso. Expulso do Partido em Setembro de 2002, num processo que envolveu Edgar Correia e Carlos Brito. É membro da Refundação Comunista. Saiu do país clandestinamente em Agosto de 1964, foi aluno da Universidade Livre de Bruxelas em Ciências Políticas e Sociais e mais tarde no Instituto de Ciências Sociais e Políticas de Moscovo. Atualmente é consultor de empresas, escritor e cronista regular na imprensa regional e nacional.

Para quem se interessa pelas vivências da vida política (porque tais acontecimentos têm a ver com a vida de cada um) a semana foi marcada pelas eleições nos Açores. Ofuscada por tal situação ficou a bagunça da Madeira onde um “império” de mais de 40 anos dirigido por um só partido, tudo se faz para não perder tal poder, mesmo que tal signifique torpedear a Constituição.

Do resultado obtido no arquipélago resulta uma vitória da coligação formada pelo PSD/CDS/PPM, embora o maior partido tenha surgido em toda a rede de comunicação como o grande vencedor. Todavia, o facto de não terem obtido como de todo desejavam a maioria absoluta, colocam um cenário político incerto para a formação do futuro governo a alimentar querelas nos próximos tempos. O Chega surge como o Partido que mais cresceu. É um aviso à sociedade. Se pretendemos ou não ter no poder uma força política contra o sistema democrático que a Constituição consagra.

O PS sai desta contenda derrotado, bem como toda a esquerda. Creio que politicamente foi relevante na noite eleitoral PNS ter assumido tal situação, acompanhado de outra não menos importante quando afirma mais uma vez que não fará alianças com o PSD. As justificações apresentadas pelo PCP continuam na sua vaguidade a repetir-se. Creio que à esquerda falta reflexão e rumo político.

A direita como era expectável procurou de imediato transpor tais resultados para as eleições no País marcada para 10 de Março, declarações a servirem de biombo à situação da Madeira. Estamos a falar de universos eleitorais profundamente diferenciados o que não significa esquecer tal possibilidade, atendendo até ao crescimento do Chega. Cabe-nos a todos à esquerda apresentar soluções para tal embate no qual seguramente permanece a necessidade de unir, Partidos, personalidades, num movimento aglutinador de ideias projetos soluções, para enfrentarmos o crescimento não só da extrema direita, mas a direita no seu todo.

A declaração de guerra à República declarada pelo Presidente do Sindicato dos Polícias, ao referir em tom desafiador que pode não haver segurança nas próximas eleições para proteger os seus resultados é de todo inaceitável num País democrático a exigir de prontas medidas drásticas para os colocar nos lugares que ocupam como polícias. Nesse sentido foram tardias as reações do PM bem como do Ministro da Administração Interna a não servir de desculpa o facto de se estar perante um Governo de gestão.

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