Vai Andando Que Estou Chegando

Carlos Figueira
Carlos Figueira
Foi membro do Comité Central e da Comissão Politica do PCP até ao XVI Congresso. Expulso do Partido em Setembro de 2002, num processo que envolveu Edgar Correia e Carlos Brito. É membro da Refundação Comunista. Saiu do país clandestinamente em Agosto de 1964, foi aluno da Universidade Livre de Bruxelas em Ciências Políticas e Sociais e mais tarde no Instituto de Ciências Sociais e Políticas de Moscovo. Atualmente é consultor de empresas, escritor e cronista regular na imprensa regional e nacional.

O tempo que mediou entre a demissão do PM António Costa no início de Dezembro por supostas cumplicidades em processos de favorecimento de negócio dando origem a uma investigação sobre a qual nada que se saiba está confirmado, deu pretexto ao Presidente da República, mesmo perante uma maioria parlamentar, para demitir o Governo e à marcação de novas eleições, abrindo um caminho longo até à sua realização, ou seja, bem mais de dois meses, criando assim uma situação política e social única no pós 25 de Abril. Estamos agora no início oficial da campanha eleitoral. Percebe-se a teia montada por Marcelo destinada a dar ajuda à direita nas próximas eleições, visíveis no comportamento da comunicação social (jornais TV e comentaristas de forma geral) quanto a tal propósito.

Tempo entretanto ocupado para PS, PSD e demais partidos, se ocuparem de arranjos internos. PS em Congresso a eleger nova liderança, PSD a recuperar uma solução composta pelo CDS, o que lhe permite a este regressar ao Parlamento e um PPM, até então desaparecido em combate, sem expressão e sem valores. A artificialidade da solução de Montenegro no sentido de reunir tropas e amealhar os votos possíveis, esbarra perante uma direita cada vez mais fragmentada, com parte significativa do seu tradicional eleitorado a mudar-se de armas e bagagem para a extrema direita representada pelo Chega, Partido no qual mingua a seriedade e sobra a irresponsabilidade e o ataque ao regime democrático. Quanto ao PS sublinhe-se o propósito político expresso pelo actual líder em recusar qualquer tipo de entendimentos à direita enfrentando no plano interno uma oposição a bater-se por soluções no centro político.

É neste complexo clima, no qual sobra a hipocrisia o disfarce e o medo, que o País foi surpreendido por manifestações de descontentes na administração pública, nas polícias e mais recentemente dos agricultores. Sem pôr em causa a justeza dessas múltiplas reclamações decorrentes de respostas tardias ou alheamento perante a sua existência, que nos damos conta que se realizam num quadro político pré-eleitoral perante um governo de gestão que pouca capacidade dispõe para lhes responder. Estranha-se o desafio que algumas das reivindicações se propõem obter sobretudo quando um dos sindicatos dos polícias pôr em causa a realização das próximas eleições, os quais, como agora é dado saber-se, terem visto salários e regalias aumentadas ao longo dos últimos anos.

No avolumar de casos e casinhos, surge o escândalo de corrupção no Governo da Região Autónoma da Madeira que conduziu à demissão do Presidente do Governo que tenta torpedeando a Constituição, a todo o custo, manter-se no poder, com a ajuda do PAN “Partido Borracha” para quem não existe direita nem esquerda, desde que tirem para proveito próprio algum benefício, para manter um poder num exercício que o PSD como partido único leva há mais de 40 anos, enquanto nos Açores com eleições realizadas neste período político, o PSD ganha sem maioria absoluta resultado, como já aqui anunciávamos, cria fundadas expectativas quanto ao seu futuro tendo em conta o anúncio do PS de votar contra o Programa e Orçamento o que desde já coloca o Chega no centro do furacão.

Reservo para a próxima crónica opinião sobre debates e comentários.

[email protected]

Deixe um comentário

Exclusivos

Agricultura regenerativa ganha terreno no Algarve

No Algarve, a maior parte dos agricultores ainda praticam uma agricultura convencional. Retiram a...

Liberdade e democracia na voz dos mais jovens

No 6.º ano, o 25 de abril de 1974 é um dos conteúdos programáticos...

Algarve comemora em grande os 50 anos do 25 de Abril -consulte aqui a programação-

Para assinalar esta data, os concelhos algarvios prepararam uma programação muito diversificada, destacando-se exposições,...

Veículos TVDE proibidos de circular na baixa de Albufeira

Paolo Funassi, coordenador da concelhia do partido ADN - Alternativa Democrática Nacional, de Albufeira,...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.