Entramos na parte final da pré-campanha para determinar quem será o próximo Primeiro Ministro e respectivo governo. Ou seja, qual o Partido que sendo ou não o mais votado tenha condições para formar governo com o acordo do Presidente da República. Estamos igualmente na parte final dos debates entre candidatos que ocuparam boa parte dos tempos televisivos.
Sobre tais debates diria que foram organizados numa lógica invertida da qual resultou que os 15 minutos reservados a cada candidato para expor ao que vinha foram em contraste tempos infinitos aos comentários sobre os mesmos nos quais não faltou sequer a ousadia de uma forma subjetiva classificar o comportamento de cada candidato, classificação que salvo em raras excepções pediam para um pensamento prévio marcado pela centro direita ou até mesmo pelo centro e extrema direita. Neste quadro, na minha opinião, tratou-se dum cenário previamente organizado o que em si mesmo se pode traduzir como fraude política para favorecer um lado da opinião de quem era chamado a votar a 10 de Março. Já sei que vou ser acusado, como outros, da teoria da conspiração, mas convenhamos, quando outros noutras circunstâncias o expressam, factos são factos.
Mas dos debates que não cobrem toda a campanha, tiro deles o comportamento de uma direita que quando se vê acossada entra na peixaria, cujo exemplo máximo temos no comportamento do Chega, nas dificuldades de comunicação que revela o actual SG do PCP, a par de um Bloco que insiste em acordos prévios cuja bondade já se viu que não era aceite pelo PS no seu todo. Aliás é curioso verificar que após a eleição de PNS para SG do PS este era tido, por todo o centro direita, como um líder impulsivo, para agora ser considerado uma figura sem a impulsividade necessária para ser PM.
De todo este período resta a preocupação sobre o crescimento da esquerda até agora ténue para futuros acordos e em particular a diminuta influência que revela o PCP. Sem por de lado as críticas que mantenho desde há 20 anos em relação à sua direcção e à linha política seguida, quero deixar expresso que quem é ou se sente comunista ou perto de o ser, torna imperiosa a necessidade de votar neste Partido, indispensável à nossa sociedade tal como a defende a Constituição que nos rege. A perda da sua representação parlamentar seria, nesta conjuntura, um desastre.
Um conjunto de cidadãos por iniciativa da Renovação Comunista com o título de “Toda a Esquerda, Melhor Esquerda “ faz um apelo dirigido aos Secretários Gerais, Coordenadores, Porta Vozes, dos partidos de esquerda e centro esquerda, apelo numa recolha de assinatura que continua, no qual para além de várias críticas ao comportamento do governo de maioria absoluta do PS, é exigido “ que se empenhem de maneira a obterem uma vitória eleitoral indesmentível”. Oxalá que assim seja!