VAI ANDANDO QUE ESTOU CHEGANDO

Vai Andando Que Estou Chegando

Para a esquerda no seu conjunto com todas as diferenças que os podem separar foi possível, finalmente, após quarenta anos, superar divergências, ultrapassar sectarismos, e posicionamentos quanto à participação dos Partidos à esquerda do PS se poderem aproximar, apesar de todas diferenças, para discutirem acordos de poder.

Trata-se de um acontecimento histórico que marcará por muito tempo a vida política do País: sobretudo as condições de vida dos portugueses, o nosso posicionamento nacional quanto às estratégias para o nosso desenvolvimento e as relações de Portugal com a União Europeia. É portanto um motivo de festa para aqueles, e foram muitos e nos quais me incluo, que durante mais de dez anos se bateram, de entre outras matérias, por uma postura como partido, e estou a falar do PCP, que não fosse meramente contestativa do poder.

Cumpre-se neste início de semana um acto formal que a direita e centro direita, com a cumplicidade e apoio do actual Presidente da República, levaram até ao extremo dos prazos a que constitucionalmente estavam obrigados – dando-se até ao ridículo de surgirem em acções governativas como se nada se estivesse de diferente a passar no País – tudo em prejuízo de uma clarificação que urgia fazer-se em beneficio dos interesses de Portugal.

O Governo de centro direita será derrubado, tudo o indica, através de uma moção de rejeição do seu programa. A atender aos interesses exclusivos do País o actual Presidente da República deverá no prazo mais curto que lhe couber chamar António Costa a apresentar Programa e Governo, sustentado na maioria parlamentar que dispõe pelos acordos de legislatura firmados com todos os parceiros à sua esquerda, ou seja, Bloco, PCP e Verdes. A esta realidade Cavaco dificilmente poderá fugir.

Do que se conhece quanto ao conteúdo de tais acordos ressalta claramente o facto de se apostar num corte da política de austeridade, presente na reposição do valor das pensões, no aumento do salário mínimo, na redução de impostos para o mundo do trabalho, na reposição dos salários da função publica, ou seja, numa outra política de redistribuição de rendimentos criados pela economia, em cortes nas privatizações, na manutenção da escola pública, do serviço nacional de saúde e na defesa da segurança social.

Dificuldades haverá muitas que enfrentar. Pressões seguramente maiores do que as que hoje possamos imaginar. Mas também está traçado o caminho num percurso que a ser consolidado poderá afastar a direita e o centro direita para muitos anos fora da esfera do poder e deste resultado seguramente que teremos a muito curto prazo repercussões na Europa e designadamente na vizinha Espanha com eleições à porta.

As reações da direita são histéricas ofensivas e pouco democráticas. Ainda não perceberam o que se está passando. Nesse sentido por parte do PSD não percebendo que o facto de estar amarrado à extrema direita do CDS e a projectos europeus capitaneados pela ultra direita liberal, contra o estado social e em defesa do pior do capital rentista e da especulação financeira, lhes reduzia não só base de apoio social como os afastavam da área da governação.

Compreendo que lhes seja difícil ficarem inesperadamente fora do usufruto das mordomias que o poder oferece. Mas é da vida! Não lhes auguro grande êxito na excursão que se propõem fazer pelo País, para explicar os benefícios de um programa de governo que acaba de ser derrotado na Assembleia da República por uma esclarecedora maioria de deputados.

Carlos Figueira

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