Vale do Lobo: uma parceria ruinosa decidida em 2006

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Vale do Lobo tem cerca de dois quilómetros de praia, 14 campos de ténis, dois campos de golfe e autorização para a construção de um hotel de cinco estrelas

Foi em 2006 que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) decidiu entrar em força nos negócios da área turística. Fê-lo com a compra de 25% do complexo algarvio Vale do Lobo ao empresário holandês Sander van Gelder, no âmbito de uma parceria com um grupo de investidores, alguns dos quais terá, em parte, financiado. O parceiro da CGD neste negócio, com 75% do capital, foi a Turpart, empresa detida por Rui Horta e Costa, Diogo Gaspar Ferreira, Luís Horta e Costa, Hélder Bataglia e Pedro Ferreira Neto, os últimos três ligados à Escom. Diogo Gaspar Ferreira, ex-diretor-geral do Sporting, tornou-se desde logo presidente de Vale do Lobo, cargo que ainda mantém.

O banco público vivia nessa altura sob a liderança de Carlos Santos Ferreira e Armando Vara, presidente e vice-presidente, respetivamente. Mas em 2009, Faria de Oliveira, então presidente da CGD, dizia sobre Vale do Lobo: “É um dos maiores e melhores resorts da Europa e faz sentido estar com o melhor”. O objetivo, lê-se no site de apresentação do resort, era desenvolver o empreendimento, “investindo €500 milhões em três áreas primordiais: Vale de Santo António, Oceano Clube e Vale Real”. Havia também ambições de internacionalização. A nova estratégia foi redefinida com a entrada do banco público.

Ao investir no Vale do Lobo, a Caixa entra não só nos negócios do sector turístico como financia, num montante desconhecido, os outros acionistas. Entre os investidores de Vale do Lobo estavam, e mantêm-se ainda, três rostos da Escom, Luís Horta e Costa, Hélder Bataglia e Pedro Ferreira Neto (ex-quadro do BES Investimento). A Escom foi uma empresa criada em 1993 pelo Grupo Espírito Santo (GES) e Hélder Bataglia. Luís Horta e Costa mantém-se ainda ligado a Vale do Lobo como administrador executivo. E Bataglia, cuja maioria dos negócios estão em Angola, tem no projeto a filha, Rita Bataglia, administradora do empreendimento turístico. Em 2006, a Escom estava já a ser investigada pelo Ministério Público no âmbito da consultoria que prestou ao grupo alemão Ferrostaal na compra dos submarinos.

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Com os novos acionistas entraram como administradores não executivos o advogado Francisco Cruz Martins, conhecido no meio imobiliário como facilitador de negócios e envolvido na polémica compra de ações do Banif para o Estado angolano, da qual alegadamente seria testa de ferro. Mais tarde acabou por sair e ser substituído pela advogada Ana Bruno. Nenhum dos dois está agora no projeto.

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