Isilda Gomes cumpriu
O caso Isilda Gomes merece atenção especial. Um caso de estrito cumprimento de palavra, antes e depois das eleições. Isilda anunciou que caso vencesse as eleições em Portimão levaria a efeito uma auditoria às contas do município, que reviria a organização da autarquia, caso achasse necessário. No acto de posse como nova presidente da edilidade Isilda Gomes repetiu o que tinha dito anteriormente, que iria levar a efeito uma auditoria às contas, pensar, reflectir, na orgânica da Câmara, suas empresas municipais. Não perdeu pela demora. Mostrou ser uma política de palavra. Com isso ganhou consenso que tanto precisa para governar Portimão. Patenteou sobretudo que sabe estar em sociedade. Ser uma mulher de atitude. O que lhe está a ser útil nestes seus tempos mais difíceis.
Faro um caso especial
Faro foi um caso especial, particular nestas eleições. Em Faro muitos afirmam que quem perdeu as eleições foi Paulo Neves. Uma meia verdade que merece todavia algum apontamento extra. Paulo Neves teve falta de persuasão. Foi claro. Recolheu por isso alguma desobediência de voto. Foi nítido. Mas Rogério Bacalhau fez pela vida. De um empate técnico denunciado, prolongado, foi aos poucos tirando vantagens. Apareceu em outdoors ao lado de Macário Correia, mas com o objectivo claro apenas de obter votos à custa do parceiro. Teve algum trajecto facilitado. À arrogância do parceiro, soube contrapor uma certa disponilidade. Foi, diria, subtil caso a caso. Daí ter vindo a subir passo passo. No dia seguinte ao da posse passeou com a equipa pela Baixa farense. A querer denunciar as suas preferências. Por onde vai começar a agir. Como afirma Stephen Safiro, Rogério Bacalhau sabe que a hora é de inovação. A ida à Baixa foi isso: O começo de começar a inovar.
Por onde começar?
Foi assim que Richard Rogers dizia no seu livro Cidades para um Pequeno Planeta. É a interrogação que se justifica em Faro. Numa cidade em crise, por onde começar? Qual a zona da cidade que mais facilmente trará retoma? Dará uma imagem de marca à cidade? Desde os anos 80 que os centros históricos das cidades foram elegidos pelos locais por onde se deve começar. Foi assim em Paris, Veneza, Lisboa, Guimarães. No Centro Histórico de Faro está o comércio, a moda, a Ria, a Vila-Dentro. Fácil a opção. Não se pode iniciar uma nova centralidade à custa da degradação do Centro Histórico. Eu pessoalmente não sou monocêntrico. Mas não deixo por isso de defender um sistema urbano lógico, coerente, coordenado. Daí pensar que Rogério Bacalhau vai, em muito, corrigir neste aspecto o seu antecessor…
Viegas Gomes
Nota: O autor não escreveu o artigo ao abrigo do novo acordo ortográfico