No dia em que o governo grego tem de apresentar uma “lista de medidas de reformas” em Bruxelas, os mercados financeiros abriram com algum otimismo.
No mercado secundário da dívida soberana, as yields das obrigações a 10 anos de quatro periféricos – Espanha, Irlanda, Itália e Portugal – estão em trajetória descendente. As bolsas europeias abriram no verde.
As yields das Obrigações do Tesouro português a 10 anos registam 2,18%, cinco pontos base menos do que no fecho de sexta-feira, aproximando-se do mínimo de 2,1% registado a 26 de janeiro.
Os mercados financeiros estão fechados na Grécia em virtude de feriado religioso. Na sexta-feira passada a Bolsa ateniense fechou ligeiramente no vermelho e os últimos dados disponíveis para as yields das obrigações gregas a 10 anos registam 9,64%, 29 pontos base abaixo do valor de fecho de sexta-feira.
O risco de uma saída iminente da Grécia do euro, de uma Grexit em virtude de falhanço nas negociações com o Eurogrupo, desceu com o acordo obtido na sexta-feira passada. Agora, os analistas falam do risco de uma Grexident (contração, em inglês, de Grexit com accident), ou seja de um abandono da zona euro pela Grécia em virtude de um “acidente” no complicado processo de negociação ao longo dos próximos quatro meses.
Não há Plano B
Esta segunda-feira, o comissário europeu Pierre Moscovici, que tem o pelouro da Economia e das Finanças, declarou no canal France 2 que “não há plano B” face à Grécia. As três “instituições” – Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu – deverão pronunciar-se esta segunda-feira sobre a proposta de medidas de reformas a apresentar oficialmente pelo ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis e transmitir ao Eurogrupo (órgão de reunião dos 19 ministros das Finanças da zona euro) a sua avaliação.
No mesmo sentido se pronunciou Jean-Claude Juncker: “A saída da Grécia não vai acontecer”. Em entrevista à edição online do semanário económico alemão “Wirtschafts Woche”, o presidente da Comissão rejeitou dar gás às expressões Grexit ou Grexident: “Se eu dissesse que essa é uma preocupação real, logo de seguida, automaticamente, se tornaria. Eu vejo a Grécia como membro permanente da família do euro. Eu não gosto desse terreno escorregadio, em torno de simplificações da palavra Grécia”.
No fim de semana alguns jornais gregos avançaram com as linhas gerais da “lista de Varoufakis” em termos de medidas antiausteridade consideradas “linhas vermelhas” para o governo e de reformas nomeadamente no campo do combate contra a evasão e fraude fiscais. Alguns analistas gregos, ironicamente, falam de um plano Varoufakis que será uma mistura de 70% de medidas do anterior Memorando da troika com 30% de novas medidas em “coautoria” entre o governo grego e a OCDE (instituição que foi convidada a ajudar nesta matéria).
RE
