A poesia algarvia e andaluza formou uma região literária comum

ouvir notícia

Entrevistámos o poeta Fernando Cabrita. Muitos referem-se a ele como "possivelmente o maior escritor vivo do Algarve". Com mais de 50 títulos publicados em países como Espanha, França, Turquia, Porto Rico e Marrocos, o olhanense Fernando Cabrita tem levado o nome da sua terra e de Portugal pelo mundo, aproximando culturas e estreitando laços de amizade entre povos e literaturas diversas. Falou-nos do seu percurso, das referências, da forma como sente a poesia, da municipalização cultural e até sobre a (in)capacidade das máquinas escreverem, no futuro, poesia. O precursor do encontro "Poesia a Sul" foi também o primeiro editor da JA Magazine, e por isso lhe dedicamos esta edição

JORNAL do ALGARVE (JA) – Quais foram os primeiros passos que deu na poesia? Surgiram por acaso?

Fernando Cabrita (FC) – É uma pergunta que recorrentemente me fazem.  Sinceramente não sei dizer-vos, mas creio que o acaso não tem aqui grande papel. Algo há que nos impele a escrever. Algo que não entendemos, não sabemos situar. Por vezes queremos ignorar, contrariar ou mesmo negar esse impulso, essa sensação de urgência que de nós reclama que expressemos um sentimento, uma emoção, uma ideia. Mas é um impulso tão forte e ao mesmo tempo tão intrinsecamente conatural ao que somos, que passa a ter império sobre nós. Não um império permanente, mas um império, pois que quando surge – e nunca sabemos quando é, quando vai ser – se impõe sem remissão. Nas primeiras idades começamos a escrever sem perceber porquê, coisas infantis, muito leves. Coisas, porém, que as sentimos como se já nos viessem habitando a alma desde sempre.

Esses primeiros momentos da escrita, que às vezes reencontro em papéis velhos ou em antigos cadernos de escola na forma de ligeiros versos plenos de grande inocência e pouca literatura, são hoje encontros com a saudade e o antigo encanto. Neles revejo o que era a expressão tão franca e tão genuína de quem dizia tão livremente o que lhe ia no espírito de criança. Nessas idades não há como esconder a sinceridade, não há como dizer o contrário do que sentimos. Não há modo de ser o fingidor que finge tão completamente. Somos livres e genuínos. A voz poética, sem amarras, sem bloqueios, é franca, autêntica, pura.

Essa liberdade, pureza e genuinidade são exatamente o que procuro hoje, acima de tudo, não perder na minha escrita. Oxalá assim consiga. 

JA – Quais as suas principais referências no que toca à poesia contemporânea?

FC – A poesia requer leitura. Muita. Não sei quem disse, mas é uma absoluta verdade: para escrever um poema, é necessário ter lido dezenas e dezenas de livros.

Hoje, infelizmente, há tanta gente que reclama o direito a escrever, mas sem sequer reivindicar ou exercer o seu direito a ler. Sem leitura, como sem genuinidade, atenção ao mundo, memória, linguagem cuidada, honestidade emocional, o poema ressumará fragilidade. Ler pois. E ler os que antes de nós sentiram o mundo como nós agora achamos que o estamos a sentir. E ler os poetas contemporâneos, sem, contudo, esquecer os que com os seus versos, noutras épocas e idades, e hoje ainda, nos foram e vão abrindo caminhos.

No meu Le Deuxième Livre de la Maison, editado em Marrocos em 2017, um poema existe, Saudação aos meus Mestres, onde nomeio alguns, quiçá os que penso mais haverem influenciado a minha escrita: Whitman, Cesário, Pessoa, Borges, Pound, Ginsberg, Júdice.  Mas não seria justo se não reconhecesse que há uma miríade de outros grandes poetas, que ainda que não nomeados, estão presentes naquilo que escrevo: Elliot, Manuel Moya, Natália Correia, Leonard Cohen, Sophia de Mello, Daniel Faria, Diana de Prima, apenas como citação de exemplos.

JA – É também advogado. Como é que a advocacia “casa” com a poesia?

FC – Há poucos meses o Boletim da Ordem dos Advogados Portugueses entrevistou-me e colocou-me exatamente essa questão. Reitero aqui a resposta que então dei, pois que corresponde exatamente ao meu sentir quanto a esse eventual litígio entre duas coisas que se afiguram distintas e muito diversas (haverá até quem as ache inconciliáveis). Advocacia e escrita poética são duas áreas que convivem bem, sempre que consigamos discernir as prioridades e os compromissos que cada uma delas comporta. É, claro, um convívio que requer atenção extra e algum cansaço adicional. Quantas vezes, há que escrever a lapsos, sempre com a preocupação de que se não quebre a unidade e a coerência da escrita de um livro ou de um poema. No meu caso é mais difícil essa preocupação, pois como é sabido os meus poemas são geralmente longos. Daí, quantas vezes sucede que quando me assalta essa veemência de passar ao papel um poema que começa a escrever-se a si mesmo na minha mente, não possa prestar-lhe imediata atenção. Ouço-o interiormente. Não sei como irá continuar, como terminará (o que, creio, se passará com todos os que escrevem). É aquele impulso de que atrás falávamos. Ei-lo ali e então a demonstrar o seu império. Porém, se quando esse impulso me interpela, se quando tal drama íntimo me provoca, estiver envolvido em qualquer situação profissional que não permite que deixe o que por então me ocupa para me dedicar a escutar em silêncio essa voz interior, há que ter claras as prioridades. Esses são os poemas que se perdem. E aí quedo-me na expectativa que a voz interior regresse em momento outro.

- Publicidade -

Mas as duas áreas convivem bem. Creio que sim. Em ambas, não obstante a distinção flagrante, devem prevalecer a imaginação, a observação e a experimentação.  E acima de tudo a liberdade.  Em ambas, por muitas convicções que tenhamos sobre a nossa intervenção, reina sempre a imprevisibilidade quanto ao resultado final. Em ambas se requer a nossa tentativa de dominar as circunstâncias e o acaso através da palavra. No meu caso particular, continuo a sentir que ambas as áreas, advocacia e poesia, enquanto dois modos de expressão da minha personalidade, estão numa entente cordial. Espero que assim continuem.

JA – De onde nasceu a forte ligação que tem com Espanha?

FC – Entendo-a como uma ligação absolutamente normal. Numa conferência em 2018 na Universidade de Fés, sobre Literatura de Fronteira, defendi que a literatura que hoje e de há 30 anos para cá se produz no Algarve e na Andaluzia, pelo menos na Andaluzia ocidental, tem criado uma região literária comum em muitos aspetos. Tem sido um trabalho contínuo, mas profícuo. Os poetas de cada lado lêem e traduzem os poetas do outro lado da raia, publicam-nos, organizam-se recitais conjuntos, editam-se antologias e colectâneas que dão a conhecer aos leitores de um e outro lado peninsular esta literatura irmanada em muitíssimos aspectos. Manuel Moya diz, com graça e com propriedade, que quando chove no seu quintal, essa chuva é portuguesa. E os resultados estão à vista, em termos práticos: festivais como Edita, ou Voces del Extremo, ou Verso Adentro em Aracena pela mão de Mário Rodriguez, ou o Encuentro de Escritores de la Sierra Galaroza, publicações como a Colecção de Poesia Garum ou a revista Alameda 39, ou as Hojas del Boabab, eventos como Embarcados, exemplos como a fantástica editora Canal Sonora de Pedro Jubilot, ou o Poesia a Sul (enquanto teve lugar em Olhão e agora ainda, pois que apesar de exilado continua vivo e este ano já teve lugar em Sevilha numa iniciativa de Javier Fito e do Instituto de Cultura e Artes de Sevilha, e há menos de um mês em Lisboa numa organização conjunta com a Embaixada do Peru), eis exemplos práticos de como essa fraternidade literária tem quebrado barreiras e fronteiras. Facto tanto mais notável, quanto é certo que Espanha e Portugal viveram de costas voltadas até há bem poucas décadas.

E este movimento de congregação e de labor comum começa a estender-se a outras áreas peninsulares: a Mérida, a Cáceres nos Editas Nómadas promovidos por Maria Carvajal, ou ainda a Ourense, onde escritores do norte português e escritores galegos fazem conviver amiúde as suas obras em eventos comuns.

E assim nos vamos reconhecendo, uns aos outros. E percebemos como esta geração literária que se organizou ou que participa nestes eventos em torno desta natural conexão comporta tantos nomes enormes e espantosos de criadores literários da contemporaneidade: António Orihuela, Pedro Jubilot, Gema Estudillo, José Sarria, Eladio Orta, Manuel Moya, José Carlos Barros e Inma Luna, Uberto Stabile, Marco MacKaiij, Sofia Sanchez, Luis Ene, tantos outros que apenas não cito por absoluta falta de espaço, mas que obviamente não esqueço.

JA – A poesia é, para si, uma espécie de “cura” para a melancolia e para a saudade ou é ela um “combustível” para essas emoções?

FC – A poesia, como a sinto, é feita de sensações, emoções, afetos, referentes, de tanta coisa afinal mal definida. Depois, a poesia intenta sempre vazar-se em poemas. Conceitos distintos por isso, os de poesia e poema. No poema tentamos dizer o indizível, mas dizê-lo por palavras. Porém por palavras que encerrem em si a carga necessariamente literária, essa carga mágica que a torna numa linguagem distinta, a linguagem poética. Aí reinam, mais que tudo o resto, autenticidade e genuinidade. A autenticidade na expressão, genuinidade na emoção. Uma não haverá sem a outra e as duas jamais poderão existir se lhes minguar a liberdade. Como escreveu Herberto Hélder, a liberdade é a regra de ouro.

Dito isto, não sei exatamente responder à sua pergunta. O escritor a quem se convencionou chamar poeta mais não é do que um ser que não rejeita as emoções, a melancolia, a saudade, as vozes, os sentimentos, as memórias, e nelas intenta encontrar a poesia. Depois escreve-as. É um processo misterioso e, não obstante, sem saber porquê, foi-lhe concedido de algum modo manipular esse mistério, todavia sem o perceber integralmente.

Como digo num poema recentemente editado em Mérida: (…) Poesia abrigo felicidade acampamento de verão / poesia livros que se leram conversas que tivemos casas onde o meu espírito morou / e mora tudo o que o universo me quis mostrar a cada instante / salão onde afinal podem bailar todos / todos / mas onde só alguns porém tangem a misteriosa lira / sem saber porquê.

JA – Por falar em saudade, é isso que sente quando lhe falam do “Poesia a Sul”? Para quando o regresso?

FC – Contrariamente ao que se possa por vezes pensar, o Poesia a Sul não deixou de existir. Não se celebrou em 2022 pelas razões que creio serem conhecidas; mas em 2023 já se celebrou por duas vezes, uma em maio em Sevilha, no fabuloso cenário das ruínas do Antiquarium, e outra na Biblioteca Nacional de Lisboa, no encerramento do Congresso Internacional de Peruanistas e com organização da Embaixada do Peru, num recital de poesia do Peru e de Portugal, em que participaram quatro poetas peruanos e por Portugal, eu próprio ao lado de Maria do Rosário Pedreira e de Manuel Alberto Valente.

E existem convites para vários outros locais. Por isso não vamos regressar. Vamos continuar a avançar.

Algumas obras do autor

JA – Tem a ambição de criar outro encontro literário na região? Para manter vivos os que existem e fomentar novos círculos culturais e literários…

FC – A resposta anterior vale também para esta sua pergunta. Acrescento, todavia, que há atividades literárias e iniciativas de peso na região. Até mesmo em Olhão. Na fabulosa Recreativa 14, centro nevrálgico da verdadeira vida cultural olhanense, o poeta Rogério Cão vem desde há meses organizando sessões literárias onde se apresentam escritores e obras. Um evento, que ainda que sem qualquer apoio oficial – vá lá saber-se porquê! –, vai fazendo o seu caminho e crescendo por entre o marasmo e o circo.

JA – Entristece-o a falta de apoio à cultura numa região que continua a ser, em muitos campos, nomeadamente na Comunicação Social, esquecida pelo poder central?

FC – Só me pode entristecer, claro. Como, aliás, a qualquer pessoa que veja o deserto à sua volta.

Basta verificar o absoluto mau entendimento, que por vezes até parece deliberado, do que é a municipalização cultural. No seu bom sentido, essa municipalização consistiria em que as autarquias apoiassem de modo franco as iniciativas de valor e projeção cultural dos particulares, sem segundas intenções de querer reservar esses apoios para parceiros ideológicos, ou para amigos que ajudem nas campanhas, ou para quem possa servir de trampolim para ambições futuras. No mau sentido, a municipalização significa o frémito de controlar tudo, sacar os louros do que outros fazem, colocar o que mexa (jornais, festivais, sociedades recreativas, grupos, juventude, associações) sob a alçada do poder, controlando as iniciativas e afastando os insubmissos. E assim se cai frequentemente no populismo chão e oportunista.

Mas essa tristeza não pode ficar-se por ser um sentimento passivo. Reagir é a resposta. Manter vivas as coisas e não ficar chorando a falta de meios. Persistência, afirmação e tenacidade. Assim se combate a tristeza.

JA – A nível nacional, ainda falta reconhecimento à literatura e à poesia portuguesas? Internacionalmente dá-se mais valor?

FC – É uma situação que creio estar a mudar. A nós cabe-nos contribuir para acelerar essa mudança, exigindo reconhecimento e fazendo por isso. Perguntar-me-á como. Pois continuando o nosso trabalho.

JA – Foi o vencedor da terceira edição do Prémio Literário da Lusofonia Professor Adriano Moreira. Como surgiu a ideia de escrever “A Língua Portuguesa”?

FC – O texto já estava escrito desde 2014. Não o escrevi com intenção de apresentá-lo a qualquer concurso. Era uma obra poética de celebração deste poderoso meio de união de povos, civilizações e eras. Como outros trabalhos mais que escrevi ao longo de cinquenta anos, uns éditos outros inéditos, este fazia parte desta última categoria. Ali estava, repousando nesse seu limbo. Então, já no início deste ano, li o Regulamento do Prémio Literário. Ali se escrevia que o prémio distinguiria obra que mostrasse o domínio da língua portuguesa, a correção linguística na sua exposição, coerência literária, respeito pelo tema proposto (a Lusofonia), e que em si fosse passível de ser um motivo de difusão para os países lusófonos. Pareceu-me que o meu trabalho se enquadrava perfeitamente nestes critérios, abarcando todos. Por isso o enviei.

Felizmente o júri do prémio terá concordado comigo.

JA – Depois de tantos prémios, o que lhe falta fazer?

FC – Tudo. Falta fazer tudo. Falta continuar a estar atento e à espera, permanentemente à espera de que o impulso do poema chegue. Chamem-lhe musa, vontade de escrever, sentimento, o que quiserem. Estar atento é fundamental para que se possa ver e sentir o que o Universo nos queira mostrar a cada instante.

JA – Temos uma curiosidade. A inteligência artificial veio para ficar. Será uma máquina capaz de escrever poesia?

FC – Como disse atrás, genuinidade e autenticidade são os valores de que não pode prescindir um poema. E liberdade, sempre. Como também disse naquela outra entrevista ao Boletim da Ordem dos Advogados Portugueses, o poema pode, acessoriamente, vestir-se de musicalidade, ritmo, métrica, mensagem. Mas estamos a falar então de artifícios, de instrumentos como aliterações, contrastes, metáforas, hipérboles, repetições, pausas. Esses acessórios são francamente literários, mas não são em si a essência da poesia. Podem avolumar o verso, dar-lhe densidade ou corpo. Mas estas são apenas, técnicas instrumentais, modalidades de composição. Artifícios, repito, que se podem usar ao gosto de cada um. Porém, nenhum artifício salva a má poesia e à boa poesia nenhuma falta de artifício a molesta. Não vejo, mas talvez seja meu o erro de falta de antecipação, que uma máquina consiga, por muito artifício que use na composição, evitar a fragilidade, a falsidade e o fingimento que ressumarão de um verso onde falte a intromissão da alma humana e dos seus estremecimentos a cada instante.

Nota Biográfica

Fernando Cabrita nasceu em Olhão no ano de 1954. Nome literário de Fernando Cruz Cabrita, advogado e poeta português com mais de 40 títulos publicados entre poesia, crítica literária e ensaio.

A sua obra recolheu já nove prémios literários entre 1980 e 2023, incluindo o Prémio Internacional Palabra Ibérica e o recente Prémio Literário de Lusofonia Professor Adriano Moreira, e foi traduzida para uma dezena de idiomas.

Está publicado em Portugal, França, Espanha, Polónia, Turquia, Bélgica, Porto Rico, Marrocos e Rússia. A sua poesia vem antologiada, referida e comentada em blogs, jornais e revistas literárias não só desses países, mas ainda da Colômbia, México, Itália e Moçambique.

Poemas seus estão musicados pela cantautora Viviane e pelo projeto Camaleão Azul. É conferencista convidado internacionalmente sobre temas literários e históricos em bibliotecas, escolas, universidades e eventos culturais em Portugal, Espanha ou Marrocos.

De 2015 a 2023 organizou e dirigiu no sul de Portugal o Festival Internacional Literário Poesia a Sul, encontro anual de poetas de todo o mundo.

Já neste ano de 2023 a Associação de Escritores Extremenhos, de Espanha, levou a cabo dois dias de apresentação e debate da sua obra na cidade de Mérida, para os alunos dos Institutos de Educação daquela cidade, e publicou o seu livro, O Sermão do Vento.

Deixe um comentário

Tem uma Dica?

Contamos consigo para investigar e noticiar

- Publicidade-
- Publicidade-
- Publicidade-

O Algarve vive os desafios duma região que cresceu acima da média nacional

O Governador do Banco de Portugal, natural de Vila Real de Santo António, visitou...

Agricultura regenerativa ganha terreno no Algarve

No Algarve, a maior parte dos agricultores ainda praticam uma agricultura convencional. Retiram a...

Liberdade e democracia na voz dos mais jovens

No 6.º ano, o 25 de abril de 1974 é um dos conteúdos programáticos...

Algarve comemora em grande os 50 anos do 25 de Abril -consulte aqui a programação-

Para assinalar esta data, os concelhos algarvios prepararam uma programação muito diversificada, destacando-se exposições,...

Atenção: Proposta do PS para fim das portagens na A22 foi aprovada

O parlamento aprovou esta quinta-feira, dia 2, na generalidade o projeto de lei do...

PSP detém homem por tráfico de estupefacientes em Faro

No dia de ontem, foi detido um homem por tráfico de estupefacientes, em Faro,...

Em Santa Rita decorrerá oficina sobre a utilidade da cana

A oficina “Usos da cana. Vamos construir instrumentos sonoros e brinquedos antigos” decorre no...

Cristiano Cabrita suspende mandato de deputado da AR

Cristiano Cabrita suspende mandato de deputado na Assembleia da República e volta a assumir...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.