A emblemática ponte pedonal flutuante vai voltar a ligar Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana, na província espanhola de Huelva, durante o regresso do Festival do Contrabando ao seu formato original.
O Festival, que regressa assim às localidades fronteiriças separadas pelo rio Guadiana, inclui a instalação da ponte, que vai permitir de novo a passagem de visitantes entre Portugal e Espanha, recuperando um dos seus elementos “mais simbólicos”, que esteve ausente nos últimos dois anos, assinalou o autarca de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves.
De acordo com a autarquia, esta nova edição representará “o ressurgimento, a renovação e o revigoramento de um festival icónico para o território, com a apresentação de um programa de enorme qualidade cultural e melhorias das dinâmicas locais”.
No início de fevereiro, realizou-se em Sanlúcar de Guadiana o lançamento do cartaz do Festival do Contrabando, onde também foram anunciados alguns dos principais conteúdos da edição deste ano.
A apresentação, realizada pelo Serviço de Turismo, da Unidade de Cultura, Património Cultural e Turismo da Câmara Municipal de Alcoutim, começou com a apresentação do vídeo “Até Já Meu Amor”, vídeo promocional da Marca de Fronteira de Alcoutim – Sanlúcar de Guadiana, que demonstra “a essência do Festival, a fusão e comunhão de experiências, tradições e sentimentos, uma fronteira que nos une mais do que separa”, reforçou a organização.
Este foi o mote para lançar o Festival, com uma primeira abordagem de enquadramento do evento ao nível da preservação da memória coletiva e recriação de época com bases nos anos 40 do século XX. Segundo os organizadores, o cartaz define “a passagem temporal entre o período retratado e a atualidade, e através desta dualidade a potencialidade do futuro”.
Novidades incluem concurso e mercado de cerveja
Deste ponto partiu-se para a apresentação das novidades do festival, que este ano contará com o concurso “Trajar à Moda Antiga” e um mercado de cerveja artesanal na Praia Fluvial de Alcoutim, que passará a ser uma extensão do evento.
No que se refere aos artistas, o Festival do Contrabando, continuará com a sua linha de programação das edições anteriores – uma fusão entre as tradições -, com participação dos ranchos folclóricos das juntas de freguesia da Conceição de Faro e do Azinhal (Castro Marim), do grupo de Cante Alentejano Ganhões de Castro Verde e dos Chocalheiros de Vila Verde de Ficalho. Também haverá espaço para um espetáculo de Flamenco da Companhia Laura Guastini (Sevilha) e para um espetáculo de marionetes inspirado nos corridinhos algarvios.
Vários grupos de música de rua animarão os três dias do evento, com as participações do Grupeto do Coreto, a Charanga Os Batatas, Os Volta e Meia, entre outros. No sábado à noite, o grupo espanhol Deabru Beltzak, do País Basco, invadirá as ruas de Alcoutim com um espetáculo de percussão e fogo.
O teatro de rua e novo circo invadirão também as ruas de ambas as vilas, com espetáculos de artistas de companhias oriundas de vários pontos do mundo – Anita Berolami (Suíça), Shiva Grings (Alemanha), Teatro Só (Portugal), Companhia Aquiles e Penélope (Chile), Brunitus e Compañia El Fedito (Argentina), Allessandro Vallin (Itália), entre muitas outras propostas.
Edição sem apoios externos
Depois de, em 2021 e 2022, a atividade ter sido mantida de forma ‘online’ e híbrida, os municípios de Sanlúcar e Alcoutim assumem este ano a organização em exclusivo, sem os apoios financeiros que permitiram ao Festival “ganhar dimensão” e constituir-se como uma das “principais ações do ano” para dinamizar um território envelhecido e afetado pela desertificação, disse o autarca.
Osvaldo Gonçalves recordou que o Festival foi criado pelo município e pelo programa de dinamização cultural para a época baixa do turismo na região, o Algarve 365, e sublinhou que o final do financiamento atribuído por essa via deixou o Festival do Contrabando sem um dos “progenitores” e com todos os custos da organização sobre os municípios.
“O Festival do Contrabando é e conquistou em pouco tempo um lugar importante no conjunto dos eventos regionais e, em Alcoutim, tem uma enorme relevância porque é o grande evento cultural do ano, ao nível das Festas de Alcoutim, embora com públicos e ambientes diferentes”, afirmou o presidente da autarquia algarvia.
Osvaldo Gonçalves salientou o “papel muito relevante” que o festival tem, depois de ter “nascido através de uma parceria de apoio em que o 365 foi fundamental no seu arranque”, concedendo os apoios financeiros necessários para dinamizar e dar dimensão ao evento.
O autarca lamentou, contudo, que o fim do programa cultural 365 Algarve tenha deixado o festival sem esse apoio e classificou a perda de financiamento como “uma traição”, que espera poder ver corrigida com a concessão de outros apoios que venham a ser criados para o efeito.
“Costumo dizer que os progenitores do Festival de Contrabando são o município de Alcoutim, naturalmente em colaboração com Espanha, e o 365. Sendo filho destes dois progenitores, está muito condicionado, porque tem de sobreviver só com um e isso é mau. Já deixámos esse apelo junto das entidades oficiais e temos a expectativa de que possamos ainda vir a ser agraciados com algum apoio, mas neste momento, de compromisso, não temos nada ainda”, constatou.
Apesar desta perda de financiamento, os municípios de Alcoutim e Sanlúcar mantiveram a aposta no Festival, que vai retomar a normalidade pós-pandemia com “mercadinhos e animação de rua”, mas com “a ponte flutuante como o grande elo de ligação entre as duas margens”.
“Acabamos por ser nós a financiar, mas existe a expectativa de podermos ter algum apoio do Turismo de Portugal e da Região de Turismo”, disse ainda o autarca, que já apelou ao Governo para que o financiamento deste evento seja recuperado o mais rápido possível.
Poderá acompanhar todas as novidades no site e nas redes sociais da autarquia de Alcoutim ou no Facebook do Festival do Contrabando.