Autarquia é favorável à construção da ponte pedonal de Cabanas

A presidente da Câmara Municipal de Tavira, Ana Paula Martins, disse esta semana ao JA que existe "abertura das entidades" para se trabalhar na possibilidade da construção de uma travessia pedonal até à praia de Cabanas, um desejo de um movimento cívico que foi noticiado pelo JA no início do mês

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Ana Paula Martins, presidente da Câmara Municipal de Tavira

“Acho que, à partida, nós havemos de resolver esta situação e há de ser da melhor forma certamente. Vejo abertura das entidades para trabalharmos sobre este assunto. Acho que isto já é um bom sinal”, disse.

No entanto, Ana Paula Martins lamenta que o movimento cívico “Por uma Ponte Pedonal para a Ilha de Cabanas” queira, sem saber a razão, “transmitir uma mensagem de que a Câmara não quer e é contra a ponte”.

“Eles dão a entender isso e dizem que somos coniventes com o concessionário. Não posso fazer nada em relação ao que eles pensam mas acho que temos de ter atenção às coisas que escrevemos e que dizemos, sob pena de qualquer dia eu chatear-me, até porque o último comunicado deles foi bastante desagradável, onde insinuaram algumas coisas. Dizem que há uma ligação com o concessionário, mas é apenas uma pessoa que eu conheço, tal como conheço todos os outros concessionários. Não tenho nenhuma relação privilegiada com esse concecionário. Quando vou à praia, pago o barco”, salienta ao JA.

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A autarca relembra que este assunto, que já dura “há uns dois anos”, na época em que o passadiço foi alargado, a Câmara fez “um pedido de parecer e um estudo base com duas possibilidades de atravessamento que poderiam ser feitas, entregues à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e ao Instituto de Conservação de Natureza e Florestas (ICNF)”.


“A APA disse logo que não e que as edificações estavam interditas, enquanto o ICNF deu alguma abertura se o Programa de Orla Costeira (POC) fosse revisto e desde que fosse feita uma avaliação de impacte ambiental”, explica.


Ainda naquela altura, em que estava a ser revisto o POC do barlavento, a Câmara, que “não tem só esta pretensão”, disse que apenas “manifestaria quando o POC do sotavento fosse revisto, tal como faria sobre outras alterações” que gostariam de ser feitas.
“A situação acabou por não evoluir porque havia esta interdição e porque segundo a APA este processo iria acontecer num curto prazo”, conta ao JA.


No entanto, enquanto o tempo passou, “o POC não deu em nada”, mas a autarca considera que “qualquer solução tem que respeitar sempre a avaliação de impacte ambiental que for feita, uma vez que as ilhas são barreiras, têm muitas espécies protegidas em termos de fauna e flora que têm de ser respeitadas”.

O movimento cívico defende que a ponte deve continuar o trajeto do cais existente

Ana Paula Martins considera também que “ainda que seja um atravessamento pedonal, tem que respeitar as condicionantes que venham a existir” e que da parte da autarquia o trabalho será feito “na altura certa”.


“Entretanto já fomos falando com o ICNF e voltámos a fazer um pedido à APA do ponto de situação, apesar de ainda não nos terem respondido”, revela.


Dando como exemplo a polémica à volta da Central Fotovoltaica de Estoi, que acabou chumbada pela APA, a presidente conta ainda que “o grupo pressionava-me para ter uma posição. Mas eu não tenho de ter uma posição pública para os jornais ou para a comunicação social. Eu tenho de tomar uma posição pública, da Câmara, quando é altura de atuar”.


“Hoje em dia nós achamos que as redes sociais são boas para divulgar os nossos descontentamentos, mas em bom rigor, a administração pública continua a desenvolver-se da mesma forma, ou seja, através de processos administrativos. Quando nós somos chamados aos processos administrativos é que nos temos de pronunciar. Nós temos de nos manifestar na altura própria, não é por nós estarmos a fazer muito barulho que as coisas se resolvem mais”, acrescenta.


Sobre a concessão atribuída à travessia de transporte público fluvial para a praia de Cabanas de Tavira, Ana Paula Martins considera que o concurso da Docapesca foi feito “sem acautelar algumas questões ambientais como a possibilidade dos barcos serem elétricos ou de energia solar, haver um desconto para residentes ou que a travessia fosse feita todo o ano. A Docapesca lançou estes concursos e não pediu às entidades para se pronunciarem. No entanto, depois de falarmos com a empresa, eles próprios foram-se adaptando. As coisas como estão feitas se calhar faz com que as empresas não respondam às nossas necessidades porque o caderno de encargos não foi adaptado à realidade”.


“As coisas não são tão fáceis como os senhores querem parecer. Não é só uma extensão do passadiço que já está feito. Há todo um processo a decorrer que é preciso cumprir. Nós falamos para que um dia isso venha a ser possível, mas se calhar vamos ter de ter um bocadinho de paciência.


Agora dizerem que a Câmara não quer que se faça a ponte, é mentira”, conta ao JA.


Além das entidades já referidas, para este processo conseguir andar também é necessário um parecer da Capitania, “uma vez que parte da ria não é navegável mas outra é e tem de se saber se será um passadiço ou uma ponte”, pois pode ter que “ter uma determinada altura”.


“São coisas que têm de ser vistas por todas as entidades.


Não é um processo fácil. Tudo o que é na ria Formosa não é um processo fácil de se fazer, porque é uma área protegida e é o nosso maior santuário natural e a riqueza que temos no Algarve e temos de preservar”, conclui.

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