O presidente do Banco Central Europeu (BCE) parece não acreditar que Portugal seja capaz de imitar a Irlanda e regressar aos mercados sem algum tipo de apoio dos parceiros europeus, tal como o próprio primeiro-ministro admitiu recentemente.
“No que diz respeito ao período de transição haverá um programa. Haverá um programa adaptado à situação nesse período tempo e teremos de ver que forma é que este programa terá”, afirmou ontem Mario Draghi, em Bruxelas, no decorrer de uma reunião com a comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu (PE).
O presidente do BCE respondia a uma pergunta de Diogo Feio sobre as “condicionalidades” que poderão vir a ser impostas aos países sob ajustamento “que possam necessitar de um período de transição para sair do programa e aceder aos mercados”.
Mario Draghi deixou o eurodeputado do CDS sem resposta em relação à questão da condicionalidade, mas foi claro no estabelecimento de uma diferença em relação ao caso da Irlanda, país que acaba de terminar o respetivo programa de ajustamento e que decidiu não solicitar qualquer tipo de apoio dos parceiros europeus. Uma decisão que consagrou a expressão “clean exit”, saída limpa.
Neste contexto, o único tipo de programa disponível é o chamado “programa cautelar”.
Ainda recentemente, em entrevista conjunta à TVI e à TSF, Passos Coelho fez questão de afirmar que Portugal não exclui a possibilidade de imitar a Irlanda e regressar aos mercados pelo seu próprio pé, quando terminar o programa de ajustamento, em maio do próximo ano: “Podemos sair do programa com ajuda ou sem ajuda. As duas hipóteses são possíveis”, declarou o primeiro-ministro, acrescentando que “nenhum dos cenários deverá ser estigmatizado”.
Na mesma ocasião, o presidente do BCE enalteceu o cumprimento do programa por Portugal e sublinhou os indicadores que apontam para uma melhoria da situação económica.
Daniel do Rosário (Rede Expresso)