Cajuda “ataca” Isidoro: “Dê o exemplo repartindo o milionário salário que aufere na SAD”

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Manuel Cajuda (foto: Jornal do Algarve)

Manuel Cajuda não gostou das críticas do presidente do clube e da SAD, Isidoro Sousa, na última assembleia geral do Olhanense e decidiu contar a história da sua passaagem pelo clube de Olhão na última temporada.

Isidoro Sousa tinha criticado o facto de Manuel Cajuda, que está agora na China como “manager” do Chongqing, e os seus adjuntos terem interposto uma ação contra o clube no Tribunal de Trabalho, devido a salários em atraso. As críticas aconteceram na referida assembleia geral, marcada para esclarecer os sócios sobre a situação do clube.

Esclarecimento de Manuel Cajuda, publicado esta semana no diário Record:

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“A propósito dumas recentes informações que o Sr. Presidente do SC Olhanense fez questão de emitir erradamente sobre a minha pessoa e restantes elementos da equipa técnica, na última assembleia geral do clube, e que foram noticia na imprensa desportiva portuguesa, venho desta forma em meu nome e dos restantes elementos que compuseram a minha equipa técnica (Rui Nascimento, Diamantino Figueiredo, João Lapa e Rui Tavares) lamentá-las, porque além de inoportunas foram injustas e incorrectas.

Como é publico, fui treinador do SC Olhanense até ao passado mês de maio (fui despedido no dia do trabalhador), clube que já servi orgulhosamente em diversas ocasiões e para o qual estarei sempre disponível em qualquer situação em que seja necessária a minha colaboração.

Acontece que infelizmente faço parte (sem o querer) duma longa lista de credores do clube devido a uma gestão que pode ser considerada de má a péssima.

De forma incompreensível o SC Olhanense acumulou nos últimos anos dividas de cerca de quatro milhões de euros segundo próprias palavras do Sr. Sousa e atravessa uma grave crise financeira acumulando neste momento dívidas às mais variadas entidades, credores, funcionários e ex-funcionários.

Quero lamentar que ao contrário do que se tenha querido fazer parecer, nessa dita assembleia, felizmente eu não tenho a mínima responsabilidade no enorme buraco financeiro existente nas contas do SC Olhanense, pois nunca exerci funções de dirigente ou presidente do clube, ao contrário de outros, mas sim e apenas exerci a de treinador profissional de futebol.

Alegro-me por não ter a mínima responsabilidade ou ligação àquela que é a maior crise que o SC Olhanense atravessou nos seus longos 100 anos de rica historia, pois de outra forma não poderia dormir de consciência tranquila.

Quero também esclarecer que quando aceitei o convite para treinador do SC Olhanense e devido à minha forte ligação sentimental com o clube, e que é publica, disse até que o faria sem qualquer salário, se fosse incomportável para o clube ter esse encargo, mas foi o Sr. Presidente que não aceitou argumentando na altura que eu merecia enorme respeito e essa seria uma situação totalmente injusta.

Acatei essa decisão do Sr. Presidente mas que fique claro que foi o mesmo quem escolheu e decidiu o meu salário, salário esse que aceitei sem qualquer tipo de reservas ou complexos mesmo sendo o mais baixo que auferi nos últimos vinte últimos anos e mesmo sendo o mais baixo entre todos os treinadores da Liga portuguesa, pois em vários momentos da minha vida o orgulho pessoal e satisfação profissional estiveram à frente do dinheiro e treinar o clube da minha terra foi particularmente um desses momentos de alegria.

Contudo e apesar de não me arrepender nem lamentar ter abdicado e recusado convites muito mais vantajosos do ponto de vista financeiro, inclusive durante o período em que fui treinador do SC Olhanense, jamais me posso esquecer que sou treinador profissional de futebol e dos deveres que tenho como chefe de família e que nessa condição tenho obrigações e responsabilidades que não me permitem dar ao luxo de abdicar de receber um salário pelo meu trabalho, ainda que tenha sido o mais baixo da Liga, como referi, mas vivo do meu trabalho como qualquer outro cidadão deste país.

Trabalhei no máximo, como sempre, e enquanto estive no clube dei de mim o melhor possível enquanto profissional e cidadão e ajudei de forma direta e efectiva o clube, pois os resultados e respectivos pontos que a equipa obteve enquanto fui seu treinador foram decisivos para a manutenção do mesmo na 1.ª Liga.

Recordo que o Olhanense garantiu a manutenção por um ponto, Quem sabe se não terá sido por exemplo o ponto alcançado no Dragão onde nenhum clube consegui-o pontuar, ou talvez o ponto de Moreira de Cónegos que, a não acontecer, deixaria o Olhanense no final com menos um ponto e o Moreirense com mais dois? Ou os três pontos de Aveiro, onde os jogadores não queriam ir jogar porque alguém mais uma vez lhes tinha mentido.

Fiquei extremamente feliz por o clube ter atingido os seus objectivos e ter contribuído para esse feito com o meu trabalho enquanto líder da minha equipa técnica sem esquecer e agradecer como é lógico o trabalho e contribuição das duas restantes equipas técnicas que orientaram também o clube na época passada.

Quando o Sr. Presidente decidiu despedir-me, facilitei ao máximo a minha saída do clube concordando com uma proposta que me foi apresentada e livremente assinada pelo Sr. Presidente, com pagamentos de forma faseada dos vários salários em atraso pelo trabalho que desempenhei o melhor que pude e soube, mas não posso fazer muito mais especialmente a partir do momento em que os sacrifícios e dificuldades financeiras graves eram exclusividade dos funcionários porque enquanto os funcionários do clube chegaram a ter três e quatro meses de salários em atraso o mesmo pode não acontecido com o líder do clube e esse é o pior exemplo de falta de solidariedade que se pode dar.

Mais quero esclarecer que desde o dia em que essa proposta foi livremente assinada nunca o clube cumpriu com o estabelecido e, muito pior ainda, nem uma palavra no sentido de junto de credor procurar a melhor solução.

Quero deixar ainda uma palavra aos funcionários do SC Olhanense que atravessam graves dificuldades financeiras.

Enquanto estive no clube, e para meu próprio prejuízo, apesar de não ter recebido salários ainda procurei ajudar financeiramente do meu próprio bolso alguns funcionários e ate jogadores do clube com pontuais maiores dificuldades, dentro daquilo que as minhas possibilidades permitiram.

Pessoas essas que infelizmente ainda não tiveram possibilidade de me devolver o que emprestei, e compreensivelmente, porque ainda não lhes foi pago aquilo que deveriam ter recebido por direito próprio.

Lamento profundamente as dificuldades pelas quais os funcionários do clube e ex-funcionários são obrigados a passar e a eles desejo um futuro muito melhor que o actual presente, aproveitando para dizer ao Sr. Presidente que as palavras leva-as o vento e que se deixe de solidariedade de jornal e passe à solidariedade real.

Seja um verdadeiro líder e dê o exemplo repartindo em iguais partes o elevado e milionário salário que aufere na SAD e distribua-o pelos funcionários que têm vários salários em atraso e dificuldades extremas ficando então ele também como credor do clube.

Afinal de contas e ao contrario do que o Sr. Sousa quis fazer parecer em relação a vários profissionais que trabalharam no clube entre os quais me encontro nos diversos ex-treinadores, neste país ser credor ainda não é uma vergonha e por muito que às vezes não pareça, o salário ainda é um direito, especialmente quando se trabalhou e ajudou o clube a atingir os seus objectivos.

Isto não é resposta para ninguém, porque algumas “patétices” não merecem resposta. É sim um pequeno esclarecimento, que até nem gostaria de o ter feito.

Abandonando nobremente quem nos deixou, colocamo-nos muito acima de quem perdemos. Para quê ficarmos presos a sentimentos, pessoas ou situações, que nos trazem angústia e que nos fazem mal.

Quero continuar a guardar apenas as memórias boas e deixar que o corpo sinta essas recordações bonitas e treinar o Olhanense será sempre uma das mais bonitas da minha vida , porém devemos largá-las e abrir portas para novas aventuras que o destino sempre nos irá trazer.

Felicidades Olhanense e povo da minha terra.”

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