Cinco dias a espreitar as aves em Sagres

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O concelho de Vila do Bispo recebe este fim de semana a 12.ª edição do Festival de Observação de Aves & Atividades da Natureza, entre esta sexta-feira (1 de outubro) e a próxima terça-feira (dia 5), em Sagres. Este ano são esperadas mais de 1000 pessoas de 20 nacionalidades diferentes, que procuram ver bem de perto várias espécies de aves, animais marinhos, insetos e répteis naquele evento, que este ano volta praticamente à normalidade

Mocho Galego

Cegonhas-pretas, peixes-lua, golfinhos e libélulas de nervuras vermelhas são algumas das espécies que os participantes poderão ver ao vivo durante os dias do evento, “que tem vindo a alargar os interesses e deixou de ser só de aves”, disse ao JA o coordenador do departamento de Educação Ambiental da associação Almargem, co-organizadora do festival, André Pinheiro, de 33 anos.


À mesma com grande destaque nas aves, o evento adicionou as atividades de natureza no seu programa “porque a maior parte das pessoas também tem interesse noutras vertentes” e o público-alvo “é generalista e gosta de natureza”.

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Este ano, a cegonha-preta é o grande destaque. Segundo o coordenador, esta espécie é “considerada rara, difícil de ver e esquiva”, mas em Sagres costuma aparecer todos os anos “porque está em migração e não sabe a forma mais curta de chegar a África, que é por Gibraltar”.

“É uma ave muito grande, com umas cores muito apelativas. É como uma cegonha branca a negativo: é preta com bico vermelho vivo e reflexos metálicos e esverdeados no pescoço”, explica.

A flora é outra das vertentes presente na programação do festival, uma vez que “a zona do promontório de Sagres é interessante e onde é fácil identificar espécies”, pois “há muita diversidade”.

Além dos anfíbios e répteis, onde constam algumas espécies ameaçadas, neste festival também vai ser possível observar cetáceos como golfinhos, baleias, peixes-lua e tubarões e visitar grutas e falésias.

“Sagres está localizado entre o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, numa zona onde há muita diversidade. É um dos melhores sítios em Portugal Continental para ver estes animais”, considera.


Na área dos insetos, André Pinheiro destaca a presença da libélula de nervuras vermelhas que todos os anos passa por Sagres durante o festival, uma espécie migradora, que pode deslocar-se até 100 quilómetros de distância.

Os participantes podem ainda ver com os próprios olhos aquilo “que vemos nos filmes americanos” e que já pertence ao passado: pegadas de dinossauro, presentes na Praia da Salema, além de vestígios do terramoto e tsunami de 1755.

“São pegadas enormes, muito evidentes, onde podemos pôr a mão ou o pé dentro”, refere.


Para este ano, André Pinheiro destaca várias atividades como os cursos de fotografia, workshops de construção de caixas-ninho, saídas de campo para ver aves, saídas de identificação de flora, observação de golfinhos e caminhadas.


O programa da edição de 2021 conta com atividades para todos os gostos e todas as idades. Para os mais pequenos, há quebra-cabeças das aves, contos na praia, corrida de aves, construção de comedouros, caça às folhas na Via Algarviana, visitas à praia, a hora do biólogo, entre outras atividades.


Para as famílias e outros participantes a programação do festival conta ainda com passeios de caiaque, visitas guiadas à lota de Sagres, workshop de anilhagem científica, noites astronómicas, captura de traças, construção de assobios e chamarizes, workshop de ilustração científica, aulas de yoga e muito mais.

Cabo de S. Vicente

Festival espera mais de 1000 participantes

Este ano, o Festival de Observação de Aves & Atividades da Natureza espera retomar a normalidade e receber mais de 1000 participantes de 20 nacionalidades diferentes, tendo já cerca de 2700 vagas preenchidas.


“O ano passado foi o primeiro ano em que o número de participantes reduziu” devido à pandemia de covid-19, mas a organização espera “voltar a subir novamente” a quantidade, uma vez que o Plano de Contingência já foi aprovado pelo delegado de Saúde, cumprindo “todas as normas necessárias para trazer muitas pessoas de volta”, refere André Pinheiro.

Em 2020, o festival teve 1025 participantes presenciais de 18 países, enquanto em 2019 foram 1500 de 36 nacionalidades.

Este festival atrai pessoas de todos os continentes, na sua maioria portugueses, ingleses, americanos, alemães, holandeses, espanhóis e franceses, cujo público principal são famílias com crianças e idades entre os 40 e os 50 anos.

Ao longo destes últimos 12 anos, o evento conta com “mais de um terço” de repetentes, que marcam “quase religiosamente” a sua presença no festival.

O número elevado de participantes tem um grande peso no turismo e na economia local, refletindo-se “no interesse dos parceiros, entidades locais, hotéis e restaurantes, que se não notassem essa presença de pessoas pelo festival, não havia interesse em continuarem connosco a oferecer descontos aos inscritos”.

A elevada participação no evento tem levado a que a procura por alojamento em Sagres aumente, criando uma “enchente”, apesar de “não haver assim tantas opções”.

André Pinheiro, que é uma das 92 pessoas que fazem parte da organização do evento desde 2017, disse ao JA que a sua equipa não quer que o festival “se torne um evento massivo”, apesar de haver “interesse em diversificar e trabalhar com mais entidades”.

“Nós temos tido algum cuidado, mas não queremos um evento com 50 mil pessoas porque o território não o permite, só se mudássemos o tipo de atividades, mas não é esse o objetivo e queremos evitar sobrecarregar a natureza”, acrescenta.

As inscrições estão disponíveis online em https://www.birdwatchingsagres.com/inscricoes/. Para participar, é necessário levantar a pulseira gratuita no secretariado do evento, no Forte do Beliche, ou através das empresas de animação turística parceiras.

Webinares como teaser do festival

Antes do festival em si, a organização preparou, pelo segundo ano consecutivo, vários webinares cujos interessados podem participar a partir da internet, através da plataforma Zoom.


“Os webinares surgiram em 2020, por causa da pandemia de covid-19. Este ano, como a pandemia está bem encaminhada, decidimos usá-los como teaser para o evento”, explica André Pinheiro ao JA.


Ao todo foram seis webinares, que decorreram na semana passada e estão interligados às atividades presenciais que vão decorrer durante o festival, que serviram para “dar um cheirinho do que as pessoas podem esperar em Sagres, desde o conforto da casa de cada um”.

As sessões online focaram diversos assuntos, entre eles o uso de drones na investigação de cetáceos, a apresentação do Guia das Plantas do Sudoeste Algarvio, Vila do Bispo arqueológica, olivais tradicionais do Alentejo, a migração de aves planadoras no paleártico ocidental e vlog insetos em rede.

Gonçalo Dourado

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