Combater a sazonalidade com as rotas pedestres

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Organizar e ampliar as rotas para passeios pedestres e de bicicleta no Algarve é o objetivo de um novo programa até 2019

Foi esta quinta-feira de manhã apresentado em Faro o estudo “Cycling & Walking”, que visa ser uma arma de peso para o reposicionar o Algarve e combater a sazonalidade que afeta a região, atraindo mais turistas fora da época alta.

O Algarve tem potencial para ser “um dos grandes destinos na Europa para rotas pedestres e cicláveis”, um mercado que a nível europeu já vale 8,9 mil milhões de euros em viagens que envolvem estada de uma noite e 35 mil milhões de euros em atividades de apenas um dia, e que se desenvolve sobretudo fora da época alta. Esta é a grande conclusão do estudo, financiado pela ANA – Aeroportos de Portugal, o Turismo de Portugal, o Turismo do Algarve, entre outras entidades.

A par da apresentação do estudo, foi também assinado hoje um protocolo envolvendo todas as 16 câmaras do Algarve, o Turismo de Portugal, o Turismo do Algarve e associações privadas para avançarem um plano de ação até 2019 destinado a organizar a oferta em torno dos passeios pedestres e de bicicleta, além de reabilitar e criar novas rotas.

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Segundo Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, “o Algarve tem 300 dias de sol, está próximo de grandes centros populacionais, chegou a altura de ser experimentado de bicicleta ou a pé, ao longo do ano”. Salientou ainda que “para alguns mercados a ligação à Rota Vicentina e à Grande Rota do guadiana vai tornar-se um elemento potenciador e decisivo, que vamos apoiar em guias digitais”.

“Um dos principais desafios para o turismo do Algarve sempre foi a mitigação da sua sazonalidade acentuada. É por isso que o Governo desde o início apontou a necessidade de uma intervenção no reposicionamento do Algarve”, salientou Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo.

“É neste âmbito que é hoje lançado o programa de ciclismo e passeios a pé no Algarve, como um projeto piloto para depois se alargar ao resto do país”, adiantou a secretária de Estado do Turismo, frisando tratar-se de “um plano com 35 ações identificadas que incluem desde a requalificação das rotas, a estruturação do produto, a promoção e a comercialização”.

Algarve é um paraíso para andar a pé, mas tem rotas em mau estado

Criar três grandes rotas para bicicletas e quatro grandes rotas para passeios a pé no Algarve com percursos de ligação entre as várias vias (e impactos na oferta ao redor, como ter os hotéis abertos o ano todo, etc), é a proposta do estudo executado pela TDI (Tourism Development International), que fez um diagnóstico a pente fino do território a este nível.

A base de trabalho assenta nas principais vias que existem atualmente no Algarve: a Grande Rota do Guadiana (a este), a Ecovia do Algarve (a sul), a Rota Vicentina (a oeste) e a via Algarviana (que atravessa a região na diagonal).

Enfatizando que 40% do território do Algarve são áreas protegidas, um sinal da “significativa flora e fauna que pode ser vista na região”, o estudo destaca, pela positiva, que a Rota Vicentina é “um percurso pedestre bem gerido e de nível mundial”, ou que a “Ecovia do Litoral tem potencial para se tornar um dos melhores circuitos cicláveis”.

Mas também destaca os pontos negativos: existência de trilhos danificados, em certos lugares considerados mesmo “perigosos”, qualidade fraca ou ausência de sinalética, destacando-se ainda o facto de não haver “um único website ou mapa para os percursos do Algarve”.

ANA vai investir 35 milhões de euros no Aeroporto de Faro

Para a ANA, que financiou o estudo, a tónica reforçar o movimento no aeroporto de Faro “que no mês de janeiro é seis vezes menor que o tráfego nos meses de julho e agosto, sendo este o aeroporto nacional onde o problema da sazonalidade assume maior dimensão”, conforme sublinhou Luís Ribeiro Vaz, administrador da ANA, na apresentação do estudo no Algarve.

O administrador anunciou que a ANA vai investir 35 milhões de euros no Aeroporto de Faro até 2017, “numa remodelação profunda do terminal de passageiros e criação de mais áreas operacionais, e esperamos poder inaugurar esta obra antes do pico do verão do próximo ano”. O Aeroporto de Faro atingiu em 2015 os 6,4 milhões de passageiros, o que representa um crescimento de 4,4% face ao ano anterior.

“Investimos no aeroporto de Faro porque acreditamos no futuro do desenvolvimento da região, e na capacidade que teremos em conjunto de vencer o desafio da sazonalidade”, frisou o administrador da ANA. Sobre a aposta do Algarve nas rotas pedestres e cicláveis para combater a sazonalidade, considera que “não existem dúvidas que o futuro turístico da região passa pelo desenvolvimento de produtos alternativos, e estes já estão identificados, faltava sim passar à prática”.

Para o presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, “este estudo veio dar sinais que é preciso trabalhar em conjunto no Algarve, para que todos possam fazer do Algarve um território com uma oferta de percursos bem organizados, para atraír turismo sobretudo entre outubro e maio, que é quando há mais camas para encher na região”.

Ao resultar num protocolo que envolve o trabalho conjunto de todas as câmaras e forças vivas da região, Desidério Silva está confiante relativamente aos resultados: “nada vai ficar como dantes no Algarve”, garante.

Conceição Antunes (Rede Expresso)

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