Crónica de um rapaz que escrevia coisas

"O jornal está forte, está dinâmico, tem uma grande capacidade de ir ao encontro dos problemas e das situações diversas que o Algarve tem. E através dele temos uma imagem da política nacional. Através dele sabemos muito do que se passa no País"

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Lembro-me desse tempo e da minha ligação afetiva ao JA, vivi uns momentos extraordinários, que perduram nas minhas melhores recordações”, recorda hoje Mário Zambujal, depois de mais de 60 anos de ligação ao jornal fundado em 1957 por José Barão, primeiro como cronista e, nas últimas décadas, como dedicado leitor.

Zambujal
Mário Zambujal


Tudo começou nos últimos anos da década de 50, quando o fundador do jornal o convidou para integrar a delegação de Faro (a sede seria sempre em VRSA), a par com João Leal e Encarnação Viegas. Desde sempre residente em Faro, Mário Zambujal era então um talentoso escriba do jornal satírico lisboeta “Ridículo” e teria cerca de 23 anos quando se afoitou pelo jornalismo regional adentro, quase sempre como cronista.


“Tínhamos uma casinha em Faro e éramos esses três cronistas voluntários. Eu não fiz trabalho jornalístico, fiz uma ou duas coisas que o José Barão me encomendou. O resto eram as ‘Cronicazinhas de Faro’ que eu fazia com muito gosto e que contribuíram para o meu crescimento como jornalista, que me davam muito prazer e instigavam-me a análise”.

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E uma das “coisas” que Barão lhe encomendou foi a inauguração do Hotel Vasco da Gama, em Monte Gordo, pioneiro da que era a grande paixão do primeiro diretor do JA: “A grande paixão do José Barão era fazer-se esse hotel em Monte Gordo. Esse tempo está muito ligado ao crescimento do Turismo no Algarve, que era pouquinho e foi crescendo. E a verdade é que o José Barão lá conseguiu”.


Crónicas farenses à parte, manufaturadas na única delegação do jornal, na capital algarvia, quase todo o trabalho jornalístico do periódico era em VRSA. “Nós tínhamos esta prestação de animar com crónicas, com uma espécie de noticiário, não tínhamos participação nas notícias”, enuncia hoje o autor da “Crónica dos Bons Malandros”, que se descreve, reportando-se à altura como “um rapaz que escrevia coisas”, algo longe de ser um jornalista profissional.


Mas a oportunidade estava próxima: um dia adoeceu o correspondente de A Bola no Algarve, Zambujal ocupou o lugar, agradou, e daí a um floreado convite para um voo lisboeta foi o tempo de um fósforo: depois de A Bola veio o Diário de Lisboa, Record, Século, Diário de Notícias.


O mesmo Século que, ainda residente no Algarve, o ex-apresentador de Domingo Desportivo visitava a convite de José Barão e cuja grandiosidade o extasiava, mal sonhando ele que um dia, três décadas depois, se tornaria chefe de redação do jornal centenário.


Como leitor desde sempre e até à atualidade, não faltam adjetivos elogiosos ao jornalista hoje com 86 anos quando fala do jornal em que começou: “De há anos para cá pode ter tido anos menos vigorosos mas está em excelente forma e essa forma é ascendente em relação a alguns anos menos bons. O jornal está forte, está dinâmico, tem uma grande capacidade de ir ao encontro dos problemas e das situações diversas que o Algarve tem. E através dele temos uma imagem da política nacional. Através dele sabemos muito do que se passa no País”.


J.P.

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