Deficientes reclamam “uma vida plena” no Algarve

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A associação é responsável por inúmeras integrações no mundo do trabalho de pessoas com deficiência “que, anteriormente, não tinham essa oportunidade” (Foto: Elsa dos Ramos)

A maioria dos cidadãos com deficiência que vivem na região não conseguem ter uma vida plena, porque há pouca ajuda e as barreiras arquitetónicas na via pública ainda são uma realidade. Ouvido esta semana pelo JORNAL DO ALGARVE, o presidente da associação Existir (Loulé) denuncia que “ainda há um grande fosso entre as condições atuais e as ideais de igualdade de oportunidades”. João Batista Monteiro reivindica, por isso, mais respostas sociais e um justo acesso ao emprego para todos na região

 

João Batista Monteiro estava em campanha para as eleições autárquicas de 1997 quando sofreu um grave acidente de carro, onde fraturou a coluna cervical e ficou tetraplégico. Desde então, a sua vida mudou completamente, mas nunca baixou os braços. “As consequências foram muitas, desde o passar a deslocar-me em cadeira de rodas, à imensa dificuldade de acesso a tudo, passando pelas muitas dores físicas e constantes. Mas o pior é o desdém, o menosprezo de grande parte da sociedade, assim como as barreiras físicas e psicológicas que tenho de ultrapassar todos os dias. Enfim, é uma grande luta para ir superando”, conta ao JORNAL DO ALGARVE.

Três anos depois do acidente, em 2000, João Batista Monteiro chega à associação Existir (Associação de Reabilitação de População Deficiente e Desfavorecidos), com o pretexto de fazer uma formação profissional. Mas o principal motivo, revela, “foi realmente por não saber para onde virar-me, o que fazer na vida com incapacidades físicas”.

O presidente da Existir, João Batista Monteiro (no centro), garante que muitas pessoas com deficiência podiam melhorar a sua condição de vida, caso tivessem mais apoios

Nos anos seguintes, a associação ajudou-o a reerguer-se como pessoa. Fez um curso de informática e iniciou um estágio numa empresa que o aceitou e apoiou nesta sua reintegração em termos laborais (e sociais).

Já em 2008, quando a associação atravessava algumas dificuldades, o jovem tetraplégico é convidado para fazer parte dos órgãos sociais da Existir, no cargo de vogal de direção. Passados alguns anos, João é desafiado a candidatar-se novamente, mas desta vez a presidente da direção, cargo que o antigo utente da instituição ocupa desde janeiro de 2017.

“Ainda há défice nas respostas sociais”

A associação Existir nasceu em 1994, em Loulé, sendo considerada uma referência na região em termos de serviços sociais. Atualmente, a associação acompanha e apoia centenas de pessoas com deficiência e desfavorecidas, sendo que a população alvo da resposta é maioritariamente proveniente de Loulé, mas também dos concelhos limítrofes de Faro, Olhão, Albufeira, Silves e São Brás de Alportel.

“São inúmeras integrações no mundo do trabalho de pessoas com deficiência que, anteriormente, não tinham essa oportunidade. Agora, o reconhecimento das capacidades das pessoas está muito mais valorizado e apoiado”, refere o presidente da instituição.

A Existir é considerada uma referência em termos de serviços sociais. A população alvo é maioritariamente de Loulé, mas também dos concelhos de Faro, Olhão, Albufeira, Silves e São Brás de Alportel

No entanto, “há muita coisa para mudar”, logo a começar pelo facto de “a pessoa com deficiência no Algarve ainda estar muito institucionalizada”. “São muitas as que poderiam ter uma ativa participação na sociedade e, por conseguinte, melhorar a sua condição de vida, caso tivessem mais apoios. No entanto, estão em lares residenciais a ocupar vagas que são necessárias para outros casos mais prementes”, lamenta João Batista Monteiro, frisando que, “apesar das diversas instituições de apoio a pessoas com deficiência existentes no Algarve, ainda se verificam défice nas diversas respostas sociais”…

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(NOTÍCIA COMPLETA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – NAS BANCAS A PARTIR DE 24 DE MAIO)

Nuno Couto|Jornal do Algarve

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