Os deputados do Partido Comunista Português (PCP) no Parlamento Europeu estiveram a ouvir as dificuldades dos algarvios entre os dias 25 e 28 de julho, terminando as Jornadas de Trabalho com uma conferência de Imprensa que decorreu em Vila Real de Santo António.
Estas Jornadas de Trabalho foram protagonizadas pelos deputados João Pimenta Lopes e Sandra Pereira, que realizaram várias visitas nos concelhos de Silves, Portimão, Lagoa, Albufeira, Aljezur, Vila do Bispo, Lagos, Loulé, São Brás de Alportel, Faro, Olhão, Castro Marim, Alcoutim, Tavira e Vila Real de Santo António.
Para o deputado João Pimenta Lopes foram “quatro dias de intenso contacto com a realidade no distrito do barlavento ao sotavento”, que serviu para recolher “um conjunto de elementos que servirão, por um lado, para aprofundar não só o conhecimento da realidade e transpor para a nossa intervenção no Parlamento Europeu, os problemas concretos da realidade do distrito, mas também confirmar face àquilo que são problemas que de norte a sul do país estão a fazer-se sentir e se abatem sob os trabalhadores, populações, pequenas e médias empresas”.
Durante estes dias os deputados foram confrontados pelos algarvios sobre o aumento do custo de vida, salários e pensões baixas, num “quadro de grandes desafios e dificuldades”.
Em relação à habitação, o deputado refere que “tendo em conta a própria pressão do turismo”, o Algarve “tem aspetos que assumem uma particular gravidade comparado com outras regiões do país”.
Já sobre os serviços públicos, “cada vez mais seguem um caminho de definhamento e degradação, desde a saúde à educação, os transportes e a mobilidade que na região tem uma resposta francamente insuficiente face àquilo que são as necessidades”.
Sobre a produção nacional e a sua valorização no contexto regional, os deputados do PCP pretendem ter “esta região como referência do ponto de vista da sua produção e da sua valorização”.
“Há soluções que o PCP tem vindo sistematicamente a propor, como o aumento do salário mínimo nacional para os 850 euros, acompanhado das tabelas do IRS e o aumento geral dos salários”, acrescenta.
Relembrando que existem “reformas muito baixas”, os deputados referem que levaram a sua proposta junto dos trabalhadores sobre “a necessidade de valorização dos salários e pensões, fixação dos preços dos bens essenciais para combater a perda de poder de compra que se tem agravado, intervir para regular os mercados na energia e na habitação e intervir para salvaguardar o direito à habitação”.
Relativamente à área da saúde, os deputados referem que é uma área que no Algarve “se vem degradando há muito, e agora de uma forma mais acentuada com a redução de especialidades nos hospitais de Faro e de Portimão e com a redução do número de médicos de família”.
“Cerca de 40% do orçamento de Estado da saúde segue direitinho para os bolsos, do negócio da doença: para os bolsos dos privados. E o caminho da degradação que se vem acentuando, e que o Governo do Partido Socialista não contribui para contrariar, serve os interesses das clínicas que vão aparecendo um pouco por todo o Algarve e os hospitais privados”, explica.
Sobre o turismo, o deputado disse que o Algarve “está a tornar-se excessivamente dependente do potencial” e que é necessária a “valorização dos profissionais que garantem o funcionamento das unidades hoteleiras”.
“Muitos desses profissionais ganham menos por mês, do que a diária dos quartos que limpam”, salienta, considerando que é uma “tremenda injustiça nesta realidade, onde se acumulam lucros significativos à custa da total exploração dos trabalhadores”.
Já sobre a agricultura e a pesca, o deputado revela que existe falta de apoios, relembrando o abandono do edifício da Direção Regional de Agricultura, localizado em Tavira.
A ferrovia também foi um dos assuntos abordados durante a conferência de Imprensa, com o deputado a considerar “incompreensível como ao fim de décadas de anúncios, de projetos, a ferrovia continue no estado em que está e que no Algarve continue por eletrificar, por garantir uma ligação adequada às outras regiões e por garantir uma ligação adequada na região”.
“Como é que é possível nesta região, que para ir de Vila Real de Santo António a Lagos, se demore três horas de comboio?”, questiona.
Já a deputada Sandra Pereira, além de concordar com todas as afirmações, salientou o “aumento das taxas de juro que tem vindo a sufocar famílias” e de que “há turistas de Lisboa que estão a cancelar as suas férias no Algarve”.
“Há mais de 20 anos que não se via um verão assim, em que não há dinheiro e está tudo parado”, conclui.