“É preciso voltar a acender o fósforo no esquentador”

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“Não me lembro de ver a minha mãe, em toda a sua vida, acender o fósforo de outra maneira que não fosse no esquentador lá de casa”, contou Isabel Jonet, presidente da Federação dos Bancos Alimentares Portugueses, no encontro em que participou no dia 29 de outubro, pelas 21h00, na Catedral de Silves, a convite da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Silves.

A presidente da Federação dos Bancos Alimentares Portugueses (BA) recordava a importância de um simples fósforo na vida dos seus pais, para demonstrar que, nos tempos que correm, teremos todos de “recuperar estes hábitos de não desperdiçar nada”. “É preciso voltar a acender o fósforo no esquentador”, afirmou, ao mesmo tempo que dava a conhecer os números associados à situação de crise que atualmente se vive: “Um quinto das famílias portuguesas têm uma pessoa desempregada e aqueles que perderam o emprego e têm 48 anos ou mais, dificilmente voltarão a trabalhar, porque estão muito velhos para o mercado de trabalho”, explicou a líder do BA, salientando, ainda, que a situação não vai ser fácil daqui para a frente e que o país tem de se unir no esforço de ser mais organizado e disciplinado em termos financeiros, para podermos pagar a nossa divida externa.

“Se a dívida externa de Portugal for perdoada, como aconteceu com a Grécia”, disse, “será péssimo para nós, pois em termos externos perderemos completamente a credibilidade e não conseguiremos, tão cedo, que os mercados e as instituições financeiras nos voltem a apoiar”.

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Os alimentos recebidos e distribuídos pelos 19 Bancos existentes no nosso país chegam a cerca de 1,5 milhões de pessoas. Todos os dias são distribuídas, por esta instituição, 100 toneladas de bens, sempre com a ajuda de voluntários, que doam o seu tempo livre e o seu saber.

“Ser voluntário é um exercício de cidadania e de corresponsabilização pelo bem comum”, referiu Isabel Jonet e prosseguiu: “Tive a oportunidade de, há pouco, ver uma das equipas da vossa paróquia, que distribui alimentos durante o fim de semana e pude perceber a alegria com que o faziam. Na verdade, o trabalho organizado e desenvolvido em grupo é mais profícuo, gera resultados mais positivos do que o trabalho individual”, salientou a presidente do BA, desafiando todos os presentes a serem voluntários ativos e interventivos, em todos os aspetos da vida.

“Todos podemos e devemos ser voluntários”, disse. O simples “apanhar de uma garrafa, ou de um papel que está no chão e a sua colocação no recipiente correto”, passando pela “colaboração nas próprias campanhas do BA, ou de outros movimentos, como o Limpar Portugal”, permite que tenhamos muitas oportunidades de desenvolver este espírito interventivo e, ao mesmo tempo, mudaram, segundo Isabel Jonet, a face do voluntariado e dos voluntários em Portugal, associada, durante muitos anos, somente “às senhoras que visitavam os doentes nos hospitais e nas cadeias”.

“Todos fazemos parte de uma cadeia em que cada um deve dar o que pode e, assim, incorpora-se na bondade”, concluiu.

Durante o evento esteve presente um grupo de artistas da cidade de Silves, que encantou os presentes com a sua atuação. Carla Silvestre (voz), Vitor Rodrigues (viola e harmónica) e Paulo Pires (acordeão) trouxeram à Catedral temas como HALLELUJAH, de Leonard Cohen, ESTOU ALÉM, de António Variações, entre outros temas, que permitiram que se criasse o ambiente certo para o evento.

JA
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