E se o Algarve abanasse assim…?

ouvir notícia

Se um sismo semelhante ao registado no Japão atingisse o Algarve poderia provocar cerca de seis mil mortos, centenas de feridos e mais de 32 mil desalojados. O cenário é o pior possível, mas idêntico ao terramoto de 1755, pelo que a região deve estar preparada para tudo.

 

O simulador de risco sísmico e tsunamis do Algarve – uma nova ferramenta da proteção civil que permite calcular cenários de riscos, danos materiais e perdas de vidas humanas – indica que um sismo idêntico ao registado no Japão (8.9 na escala de Richter), no passado dia 11, ou semelhante ao que destruiu o Algarve (8.5), há 256 anos, poderá provocar cerca de seis mil mortos.

- Publicidade -

Apesar da distância geográfica que nos separa do Japão e do desfasamento temporal do terramoto (seguido de tsunami) de 1755, o Algarve tem razões para estar alerta.

É que, tal como o Japão, que está localizado entre as placas tectónicas eurasiática e do Pacífico, o Algarve também se encontra sujeito a grandes movimentos devido à colisão entre as placas da eurásia e África. E quando uma região é afetada uma vez por um sismo de forte magnitude, é certo que é uma questão de tempo até se seguirem outros abalos. Segundo os especialistas, pode ser dentro de 50 anos, cinco anos ou até cinco minutos…!

De volta ao pior cenário possível, um sismo de magnitude superior a 8.7 na escala de Richter provocaria hoje estragos de uma dimensão quase inimaginável, lançando o caos na região algarvia, muito menos afetada e preparada que os japoneses para enfrentar catástrofes naturais.

Barlavento com mais feridos e mortos

Os dados do simulador do risco sísmico no Algarve, que foram testados pela proteção civil no terreno em novembro de 2010, permitiram concluir que um terramoto igual ao que destruiu a região em 1755 provocaria entre 2.097 e 5.897 mortos, consoante o melhor ou pior cenário.

Além das vítimas mortais, o sismo provocaria hoje entre 2.510 e 6.366 feridos ligeiros, entre 471 e 3.470 feridos graves e entre 11.815 e 32.654 desalojados, de acordo com o simulador, que também aponta as zonas em que o terramoto terá maior impacto em número de mortos, desalojados, feridos ligeiros e graves.

Assim, o barlavento será a área mais afetada por um sismo com epicentro a oeste do Cabo de São Vicente, registando maior número de feridos e mortos. Isto, por causa das consequências de um tsunami (maremoto), que incidirá sobretudo nas zonas da costa identificadas como mais vulneráveis, nomeadamente Sagres, Lagos, Portimão, Armação de Pêra e Quarteira.

Danos em edifícios e cortes de eletricidade

No final do exercício realizado em novembro de 2010, Silva Gomes, representante do Governo Civil de Faro, que também é responsável pela proteção civil no Algarve, disse que “é necessário ter a noção de que uma situação destas altera a vida normal, a forma como se age sobre os acontecimentos, e vai haver grandes problemas de comunicações”.

Os responsáveis da proteção civil adiantaram ainda que, para além das baixas humanas, um forte sismo provocaria também danos em muitos edifícios, cortes na rede elétrica (cerca de 93 por cento da população ficaria sem eletricidade), deixando ainda o Algarve sem rede de telefones fixos e de telemóveis.

À medida que a região começa a ter noção do risco sísmico que corre, tanto a proteção civil como as autarquias algarvias já intensificaram os exercícios e simulacros em escolas e noutros edifícios públicos. É que, nestes casos, não serve de nada o pânico. Só resta à população estar preparada para o que der e vier…!

Nuno Couto/Jornal do Algarve
- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.