Elisa Ferreira defende que “a boa estratégia é trabalhar para não depender de fundos” da UE

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A comissária europeia Elisa Ferreira defendeu hoje que a boa estratégia deve ser “trabalhar para não depender de fundos” estruturais, após o ministro das Finanças dizer que Portugal não tem refletido o suficiente sobre essa consequência do alargamento europeu.

“Aquilo que eu acho que é que a estratégia para todos os países, a boa estratégia, é trabalhar para não depender de fundos. Acho que essa ambição deve ser muito clara e muito explicitada politicamente, de maneira a contaminar, no sentido positivo, todos os atores que estão envolvidos na utilização de fundos”, disse hoje a comissária da Coesão e Reformas em Santiago de Compostela, na Galiza (Espanha).

A comissária europeia respondia a uma questão acerca das declarações do ministro das Finanças, Fernando Medina, na quarta-feira, em que disse que Portugal “não tem refletido de forma suficiente e aprofundada” sobre o alargamento a leste da União Europeia, que fará com que Portugal altere a sua posição entre os que “beneficiam significativamente de fundos da política de coesão”.

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“A dependência é sempre algo de mau. Portanto, o objetivo dos fundos estruturais não é – utilizando aquele velho e muito estafado provérbio chinês – dar peixe, é dar canas de pesca”, ilustrou hoje Elisa Ferreira, numa conferência de imprensa durante o evento anual do programa de apoios europeus transfronteiriços Interreg, que decorre esta semana na capital galega.

Para Elisa Ferreira, esta lógica é sobretudo importante para instituições como universidades e centros de investigação, empresas que precisam de absorver inovação e novas tecnologias.

“Quando falamos de uma nova maneira de produzir, não estamos a teorizar. De facto, a agenda está em movimento rapidíssimo, todos os processos produtivos têm que ser transformados, no sentido de passarem de uma base dependente de energias poluentes para energias limpas”, vincou.

Para Elisa Ferreira, os fundos que estão atualmente a ser utilizados são uma oportunidade “única” e “histórica”.

“Têm de ser utilizados numa perspetiva de não precisarmos deles no futuro”, assinalou aos jornalistas.

Questionada sobre se isso está a acontecer no caso português, a comissária europeia, ex-administradora do Banco de Portugal e ministra do Ambiente e do Planeamento, disse esperar que as instituições “se estejam a preparar para o futuro”.

“Há meios excecionais, o PRR, os fundos 2021-2027, é uma obrigação. É um país maduro, com uma democracia já madura, de dimensão média na União Europeia, é um velho país da Coesão, e portanto tem de sair da situação que aparece ainda nas estatísticas, que é a de chegar a um valor que não chega a país desenvolvido, porque as suas regiões não são regiões desenvolvidas”, afirmou.

Para Elisa Ferreira, Portugal tem de “definir, neste momento, a estratégia que arranque para uma dimensão que já não é uma dimensão baseada em infraestruturas básicas”, mas sim “no conhecimento e na capacidade de dar oportunidades aos jovens que são muito qualificados”, transferindo para as empresas “todo o saber” ainda contido nas universidades, entrando “em áreas de concorrência internacional e de cooperação internacional”.

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