Fundação Champalimaud participa em estudo europeu sobre terapia psicadélica

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A Fundação Champalimaud (FC) vai participar num estudo clínico internacional sobre terapia psicadélica aplicada aos transtornos mentais resistentes ao tratamento nos cuidados paliativos, o primeiro sobre este tipo de tratamento financiado pela União Europeia, foi divulgado esta semana.

Em comunicado, a instituição médica e científica indica que a União Europeia (UE) atribuiu mais de 6,5 milhões de euros aos parceiros de nove países para “apoiar a investigação sobre a utilização da psilocibina sintética, um composto encontrado em cogumelos ‘mágicos’ [alucinogénicos], para aliviar o sofrimento psicológico em pessoas com doenças incuráveis que necessitam de cuidados paliativos”.

A fundação, juntamente com outros três centros clínicos europeus, tratará mais de cem doentes, no seu caso pacientes com “perturbações do movimento em fase avançada, incluindo síndromes parkinsonianos atípicos”.

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Cada um dos centros tratará de uma condição diferente, o Centro Médico Universitário de Groningen (Países Baixos) da doença pulmonar obstrutiva crónica, o Instituto Nacional de Saúde Mental (República Checa) da esclerose múltipla e o Hospital Bispebjerg (Dinamarca) da esclerose lateral amiotrófica.

O estudo denominado PsyPal é financiado pelo Horizonte Europa, o principal programa de investigação e inovação da UE, e será coordenado pelo Centro Médico Universitário de Groningen.

Em 2025, deverão começar a ser recrutados os doentes para participarem no estudo, que se baseia “num ensaio multicêntrico randomizado e controlado, permitindo aos investigadores recolher dados de uma gama diversificada de participantes em diferentes locais da Europa para aumentar a validade e aplicabilidade das suas descobertas”.

As referidas doenças, incuráveis, têm grande impacto na vida dos pacientes e 34% a 80% deles sofrem de depressão e de ansiedade, pelo que “a necessidade de tratamentos inovadores é crítica”.

“Inicialmente, os psicadélicos mostraram-se promissores no tratamento da depressão e da ansiedade em doentes com cancro terminal. No entanto, os resultados foram mais variáveis em doentes com transtornos psiquiátricos na ausência de um diagnóstico de risco de vida, o que nos levou a focar-nos novamente em condições incuráveis”, indicou Albino Oliveira-Maia, diretor da Unidade de Neuropsiquiatria da Fundação Champalimaud, citado no comunicado.

“Se este tratamento se revelar eficaz, no futuro teremos interesse em explorar as contribuições individuais do medicamento e do apoio psicológico na ajuda a doentes com depressão. Este conhecimento será crucial para uma alocação eficiente de recursos”, acrescentou.

Carolina Seybert, psicóloga clínica e investigadora da FC, disse que o ensaio “avaliará primeiro a sua segurança e eficácia em cuidados paliativos”.

“Estamos especialmente interessados na eficácia do tratamento a longo prazo, um aspeto crucial que é frequentemente subvalorizado. Ao estudo, concebido para durar três meses, seguir-se-á um acompanhamento abrangente de seis meses para avaliar resultados duradouros”, adiantou.

O apoio europeu destina-se a um consórcio com 19 parceiros, que inclui a Fundação Champalimaud, reunindo o estudo uma equipa diversificada de especialistas, incluindo psiquiatras, médicos de cuidados paliativos, psicólogos e especialistas em terapia com psilocibina, bem como ”investigadores em cuidados espirituais e representantes religiosos”.

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