Há 152 praias com arribas em risco

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Com o verão em pleno curso, há que saber com que contar numa costa com forte erosão, exposta a ventos e marés, por vezes agrestes, e pontilhada por arribas vivas e areais instáveis.

Este ano, 152 zonas balneares com falésias em risco de derrocada foram sinalizadas de norte a sul do país. Os números não diferem muito dos do ano passado, talvez porque este inverno foi mais brando em termos de temporais. Mais uma vez, a costa algarvia é a que ergue mais placas de perigo – 76 praias (mais quatro que no ano passado) – seguida da região entre Cascais e a Marinha Grande – com 62 praias.

Os técnicos dizem sempre que não é possível ter uma praia 100% segura sempre que houver banhistas e arribas. Mas há trabalho que pode ser feito: é preciso monitorizar, sinalizar e estar alerta. “A solução está em minimizar os riscos e corresponsabilizar os utentes”, defende Valentina Calixto, presidente da Administração de Região Hidrográfica (ARH) do Algarve.

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As cinco entidades que gerem o litoral (ARH Algarve, Alentejo, Tejo, Centro e Norte) têm procurado atenuar o problema, nos últimos dois anos, acentuando a vigilância e o número de desmoronamentos controlados de falésias em risco. As intervenções deste género multiplicaram-se na sequência da tragédia que tirou a vida a cinco pessoas na praia Maria Luísa, em Albufeira, no verão de 2009. Porém, nem todos os especialistas concordam que esta seja a solução.

Alveirinho Dias, da Universidade do Algarve, contesta as demolições controladas, por “acelerarem o processo de erosão da linha de costa” e por considerar que “o Estado deve alertar mas não tem de se substituir à responsabilidade do cidadão”.

É, no entanto, certo que há praias onde só o alerta de risco pode não ser suficiente. Na praia de D. Ana, em Lagos, é quase impossível estender a toalha durante a maré cheia fora da área de risco (sempre equivalente a uma altura e meia da arriba).

O enchimento artificial do areal, que já devia ter sido feito, continua parado devido a um erro do projetista; o caso seguiu para tribunal.

Noutros locais, as intervenções outrora executadas para repor o areal de uma praia podem perder a validade por falta de complemento. É o que acontece na Foz do Arelho (uma das situações mais críticas há um ano), onde o areal estabilizou, mas a intervenção de dragagem na Lagoa de Óbidos continua à espera de luz verde do Ministério das Finanças.

Mais para norte, na Vagueira e no Cabo Mondego, são os molhes a norte que agravam a erosão a sul. “Devido aos esporões, as praias de Poço da Cruz e Areão chegaram a recuar 14 metros”, explica José Nunes André.

O investigador do Instituto do Mar, da Universidade de Coimbra, lembra que o problema persiste e que “o recente prolongamento do molhe a sul do Mondego deixou as praias até Vieira de Leiria quase sem areia.

JA/Rede Expresso
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