“Imprensa algarvia é muito forte mas passa por sérias dificuldades”

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Foi com os pés em pleno areal da praia de Monte Gordo que o JA entrevistou Marcelo Rebelo de Sousa, que parece ter escolhido aquela baía como o seu novo paraíso, tanto para férias como para trabalho. Desde novembro a visitar regularmente o concelho de Vila Real de Santo António, a sua presença já é completamente normal para os residentes, mas continua a chamar a atenção dos turistas. Visivelmente discreto, não consegue passar despercebido, acabando por falar diariamente com muitas pessoas e marcando momentos para a posteridade com as famosas 'marselfies'

JORNAL do ALGARVE (JA) – Como estão a correr as férias em Monte Gordo?
Marcelo Rebelo de Sousa (MRS)
– Bem, com um bocado de trabalho a mais do que aquilo que pensava. É menos férias e mais trabalho. Cheguei dia 8 de agosto à noite, mas foram menos de 10 dias. E isso é muito curto, porque normalmente dou um pulo a vários pontos do Algarve e assim fui a dois ou três só.

JA – Mas agora tem estado mais pelo sotavento algarvio, nomeadamente por Monte Gordo…
MRS
– Tenho, mas fui por exemplo a Lagos, a Faro e a Tavira várias vezes para matar saudades do ano passado.

JA – O que o atrai mais em Monte Gordo?
MRS
– Eu já fazia férias em Monte Gordo há muitos anos, quando era miúdo. Era outro Monte Gordo. Aqui, em primeiro lugar, existe um microclima que abrange um bocadinho Tavira, com água e ar mais quente. Em segundo lugar, existe muito esse microclima durante todo o ano. Passei a gostar do facto de no outono ou na primavera, que foram maus no ponto de vista da meteorologia, ainda conseguir aproveitar para vir para Monte Gordo durante um ou dois dias. Significa que, nessa altura, descansei em absoluto. Monte Gordo é uma vila pequena onde todas as pessoas se conhecem. Já conheci muitas pessoas e passei a conhecer muitas mais.

JA – O que distingue Monte Gordo de outros locais no Algarve?
MRS
– Tem várias vantagens: come-se bem e relativamente barato, apesar de variar de ano para ano conforme as circunstâncias. Consegui encontrar um recanto. Toda a gente especulava imenso dizendo que eu ia comprar ou construir uma casa, mas ninguém compra ou constrói uma casa com a minha idade. Não tenho dinheiro para comprar uma casa e não iria fazê-lo com quase 75 anos de idade. Quem é que vai emprestar dinheiro para isso? Era uma insensatez. Portanto, o mais razoável é encontrar um recanto que permita, ao longo do ano, ter uma hipótese mais calma no outono, no inverno e na primavera, para poder trabalhar com o digital. Passei as manhãs em contacto por via digital a resolver problemas que se podem resolver, uns por essa via, outros não. Tem de se olhar com mais atenção para a documentação.

JA – Quais são as queixas que tem ouvido dos algarvios?
MRS
– Em primeiro lugar, tenho encontrado uma misturada de algarvios com não algarvios nesta altura do ano, em que há mais pessoas de fora do que residentes. Os algarvios, no fundo, têm as mesmas reivindicações: o problema da água, das comunicações, da mobilidade, da cobertura sanitária sobretudo no verão, e a diversificação da atividade económica para não dependerem só do turismo. O turismo estar muito bom é uma coisa, o turismo em 2020 ou 2021, com a pandemia, cai e é outro filme.

JA – Como vê a Imprensa regional algarvia e as suas atuais dificuldades?
MRS
– A Imprensa regional é muito forte no Algarve. Já foi muito mais forte, mas toda a Imprensa passa por muita dificuldade. É uma das debilidades da nossa democracia. Com a queda da publicidade, que acompanhou a pandemia, nunca mais se recuperou. O que se passa é que se tem de fazer omeletes com menos ovos. Isso é um exemplo de resistência, coragem, determinação e luta pela liberdade de Imprensa. Mas aqui nos órgãos de Imprensa regional e local existe uma grande tradição e têm uns ‘carolas’ que aguentam tudo. Que seja um ano bom.

fotos: Gonçalo Dourado

Na praia com o presidente

A chegada de Marcelo Rebelo de Sousa à praia de Monte Gordo causa agitação. Pelo caminho, muitos são aqueles que o cumprimentam, desde residentes a turistas, que por vezes aproveitam por fazer algumas queixas acerca dos seus problemas, que são iguais aos de muitos portugueses, com esperança que a mensagem seja transmitida ao Governo.

No meio das palavras e dos cumprimentos, surgem as selfies, com o Presidente da República a demonstrar muita prática, facilidade e rapidez em tirar fotografias com qualquer telemóvel, de qualquer marca e modelo.

Toda esta atenção parece não incomodar o antigo professor universitário, que nunca deixa de sorrir e de retribuir com ‘dois dedos’ de conversa por onde passa.

Atualmente numa grande concessão repleta de turistas, na área dos toldos, ir ao mar continua a ser um hábito e nunca um problema.

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Pelo caminho, entre sombrinhas, cumprimenta por quem passa, brinca com as crianças e dirige-se ao mar, também um dos seus paraísos, onde vai dar as suas habituais braçadas.

Mesmo dentro de água, a interação com os portugueses não pára. Mas não são só portugueses. Há também estrangeiros que facilmente se apercebem que algo de ‘diferente’ está a acontecer no local e acabam por se informar ou reconhecer Marcelo Rebelo de Sousa.

Toda esta agitação tem sido retratada por milhares de telemóveis, que tiram as fotografias e que são imediatamente partilhadas nas redes sociais. Não é difícil saber quando é que o antigo comentador da TVI está em Monte Gordo.

No seu toldo tem uma espreguiçadeira e uma cadeira, que aproveita ao longo do dia, realizando chamadas telefónicas intercaladas com conversas com os populares, leituras e ainda documentos oficiais do Estado, quando está a trabalhar.

Apesar de não ter medo do mediatismo nem das pessoas que se aproximam facilmente, ao seu redor encontram-se os seus seguranças, vestidos à civil, passando facilmente despercebidos, até dentro de água.

A presença da comunicação social em Monte Gordo tem sido uma constante, mas Marcelo Rebelo de Sousa não se importa e interpreta o seu papel de Presidente da República, quase sempre disponível para uma pequena entrevista.

Quem parece não gostar deste mediatismo é o proprietário da concessão, que na quarta-feira, dia 16 de agosto, dizia aos jornalistas presentes que não podiam estar naquele local, apesar de ser uma zona pública e de Marcelo Rebelo de Sousa ser uma personalidade de interesse público, e que as entrevistas teriam de ser feitas obrigatoriamente com câmaras apontadas para o seu restaurante.

No entanto, aquele não é o único restaurante que o Presidente da República frequenta, tal como várias selfies publicadas nas redes sociais retratam, ao longo dos últimos meses.

Estas férias e fins-de-semana de Marcelo Rebelo de Sousa têm sido regulares desde novembro do ano passado, tendo sido visto pelas ruas de Monte Gordo e Vila Real de Santo António.

As suas refeições são feitas em restaurantes mais acessíveis e os seus passeios atravessam o passadiço da praia de Monte Gordo, além de algumas das ruas principais daquela localidade algarvia.

Hospedado no hotel Baía de Monte Gordo, a poucos metros da praia, o Presidente da República tem aproveitado também para ir à missa na Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Monte Gordo, e na Igreja de Nossa Senhora de Encarnação, em Vila Real de Santo António, paróquia que elogiou pela sua beleza.

O facto de Marcelo Rebelo de Sousa estar agora mais presente no Algarve tem feito com que a sua agenda também passe pela região, tendo visitado no início do ano o nepalês agredido em Olhão, aproveitado um jogo de rugby no Estádio Algarve e tendo participado nas festividades da padroeira da Guarda Nacional Republicana em Monte Gordo.

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