Investigadoras portuguesas descobrem nova espécie de percebe em Cabo Verde

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Investigadoras da Universidade de Évora descobriram em Cabo Verde uma nova espécie de percebe, diferente daquela existente em Portugal, um trabalho publicado na revista científica internacional Zootaxa e que eleva para quatro o número destas espécies no mundo.

Quando iniciou a investigação para o seu doutouramento sobre genética populacional dos percebes e cracas, a biológa Joana Fernandes não imaginava que iria deparar-se com uma nova espécie, com algumas características que não coincidem com as propriedades da espécie conhecida em Portugal e que se encontra desde a costa da Bretanha, em França, até ao Senegal.

Para preparar o seu trabalho, estudou amostras de percebes recolhidas em vários locais, incluindo Cabo Verde.

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“Ao fazer a análise genética, apercebi-me que realmente havia diferença em relação à nossa espécie. Começamos a perceber que era uma espécie nova e não a mesma que ocorre na nossa costa” relatou à agência Lusa a investigadora Joana Fernandes, que trabalhou com a professora da Universidade de Évora Teresa Cruz.

Em 2005, ao analisar a amostra de percebes proveniente de Cabo Verde, a investigadora verificou que estes tinham cerca de 14 por cento de divergência genética relativamente àqueles encontrados na costa portuguesa, embora fossem morfologicamente muito semelhantes.

“Há uma característica que salta bastante ao olho que é a questão da cor. Têm uma cor vermelha alaranjada. Para além da cor, há uma diferença ao nível das placas do capitulum, que chamamos a unha, o nosso tem mais uma placa do que o de Cabo Verde, e ao nível das escamas do pedúnculo, que têm um formato diferente”, explicou a investigadora.

Designada com o nome científico de Pollicipes caboverdensis, a nova espécie de percebe vem juntar-se às três já conhecidas em todo o mundo: a existente em Portugal e mais duas espécies pertencentes ao género Pollicipes, que se distribuem na costa leste do Pacífico.

“A descoberta de uma espécie nova é sempre importante, principalmente neste caso. Sendo uma espécie que é explorada torna-se mais importante a sua conservação”, disse Joana Fernandes.

Por outro lado, as conclusões do estudo e a publicação na revista científica internacional Zootaxa, com a colaboração do investigador norte-americano Robert Van Syoc, da California Academy of Sciences, traz visibilidade ao trabalho da universidade.

A tese de doutoramento com o tema “Dispersão larvar, genética populacional e recrutamento de cirrípedes (cracas e percebes)” decorre no Laboratório de Ciências do Mar da Universidade de Évora, em Sines, e na University of California at Davis, onde foram feitas as análises genéticas.

AL/JA

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