José Cid apresenta “10.000 anos depois entre Vénus e Marte” com a OCS

Lançado em 1978, o álbum de José Cid será pela primeira vez interpretado por uma orquestra sinfónica, na sequência de um desafio lançado pelo diretor do Teatro das Figuras

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José Cid e a Orquestra Clássica do Sul (OCS) sobem esta quinta-feira ao palco no Largo da Sé, em Faro, no arranque do Festival F, para uma interpretação do álbum de rock progressivo “10.000 anos depois entre Vénus e Marte”.

“É uma maravilha. Depois de termos feitos tantos concertos, aparece-nos esta oportunidade. Foi um desafio lançado pelo Gil [Silva], que me disse que tinha uma orquestra fantástica para me acompanhar e eu aceitei”, disse aos jornalistas o também compositor e produtor, após um ensaio com a OCS no Teatro das Figuras.

No entanto, num concerto em que será apenas interpretado aquele álbum, sem lugar para tocar outros clássicos da sua carreira, José Cid mostrou-se receoso com o facto de o público poder ter a expectativa de ouvir músicas como “A cabana junto à praia” ou “Como o macaco gosta de banana”.

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“Estou com um pouco de receio, não venham as pessoas pensando que vão ouvir o rock dos bons velhos tempos. Porque, se for o caso, arma-se uma confusão tremenda e têm de levar com este álbum”, gracejou.

Quanto ao ensaio com a OCS, o músico de 80 anos mostrou-se satisfeito com o resultado com a fusão musical, pois os “instrumentos do rock sinfónico são sofisticados” e o álbum, baseado em ficção científica, “é rock erudito”.

Também Rui Pinheiro, maestro titular da OCS, se mostrou entusiasmado com a oportunidade de apresentar “uma estreia mundial”, em que há “elementos muito expressivos nas cordas, mas também nas flautas e nos oboés”, assim como “toques de fanfarra e melodias absolutamente brilhantes”, descreveu.

“Estamos a falar de um álbum absolutamente fantástico que conheço muito bem e que tem um lado sinfónico e orquestral que funciona muito bem. O concerto está pensado como uma sinfonia, em que há uma estrutura e uma história que é contada do princípio ao fim. Não são temas separados e efetivamente estamos a falar em música que se presta a esta produção”, explicou.

Para Rui Pinheiro, esta é “uma obra-prima da música portuguesa”, pelo que tocá-la agora, quase 50 anos depois, com a orquestra e José Cid “é um grande privilégio”, não restando dúvidas de que o concerto “vai ser um acontecimento”.

José Cid contou ainda que está a preparar um novo disco que se chamará “Depois logo se vê”, sendo que o título do primeiro ‘single’ a ser lançado é “Nas noites de Lisboa”.

Questionado sobre como encara a atual criação musical em Portugal, José Cid considerou que há uma tendência para um certo dramatismo nas novas gerações de músicos, que “são muito choronas”, havendo, no entanto, exceções, como Ana Bacalhau e a Marisa Liz, apontou.

“O rock está vivo e é cada vez mais preciso porque a criatividade está cada vez mais armada em velório. Está toda a apostar nas baladinhas e em coisinhas assim sofredoras e muito derrotadas pela vida”, rematou.

No próximo ano, o músico prevê lançar um álbum chamado “TozéCid”, com temas que foram “deixados para trás no Quarteto 1111, regravados e completamente acústicos”, contou.

“Recuperámos temas como ‘Todo o mundo e ninguém’ e ‘Lisboa, ano 3000’. Regrávamos tudo de novo e as nossas vozes estão muito bem”, concluiu.

O concerto está agendado para hoje às 20:45, no Palco Sé, no arranque da 7.ª edição do Festival F, que decorre até sábado na zona histórica de Faro, com nove palcos onde atuarão mais de 50 artistas e bandas.

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