Mário Soares diz que a situação de Portugal é “grave, mas tem saída”

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crédito: fundação mário soares

O antigo Presidente da República Mário Soares considerou, ontem, que a situação atual do país é grave mas tem saída, defendendo que é preciso continuar a lutar.
“A situação é grave, mas é uma situação que tem saída. Nós temos de lutar e não estarmos sempre a dizer que queremos isto e que queremos aquilo”, sustentou.
À margem da conferência ‘Dois republicanos: Aquilino Ribeiro e Acácio Gouveia’, que decorreu na segunda feira à noite em Soutosa, no concelho de Moimenta da Beira, Mário Soares disse aos jornalistas que é bom gritar por mais salários, para além de se pedir mais dinheiro para a educação ou pensões. No entanto, defendeu que “é preciso também saber de onde é que ele (o dinheiro) vem. Não basta pedir e descer uma avenida a gritar para julgar que o dinheiro vai cair, pois não vai”.
Na opinião de Soares, um dos fundadores do Partido Socialista, há neste momento muitas pessoas que estão a passar mal, mas os piores de todos são os que não têm emprego e passam grandes dificuldades. “É para esses que temos de olhar em primeiro lugar”, sustentou.
Durante o evento, que visou homenagear dois republicanos – Aquilino Ribeiro e Acácio Gouveia –, Mário Soares sublinhou que as comemorações do centenário da República vêm servindo para que o povo português tenha consciência do que trouxe a primeira república.
Para além de recordar os ideais republicanos – liberdade, igualdade e fraternidade -, prestou homenagem a duas figuras que teve “o prazer e a honra de ter conhecido”. “A República tem valido a pena sob todos os aspectos, incluindo a ética”, frisou.
Nesta conferência, promovida pela Autarquia de Moimenta da Beira em colaboração com o Governo Civil de Viseu, marcou também presença Aquilino Ribeiro Machado, filho do escritor Aquilino Ribeiro, que partilhou memórias sobre os dois republicanos homenageados. O filho do mestre de ‘Terras do Demo’ aproveitou a ocasião para apontar que “o esvaziamento dos territórios rurais tem vindo a enfraquecer a valência educativa, em favor da mera aprendizagem”.
Apesar de reconhecer que foram dados “passos agigantados” na Educação, depois de Salazar, criticou aquilo que considera serem “programas ordenados pela rama”, para além de a disciplina de História estar “sincopada”. “Mas pior é o acolhimento dado à Língua Portuguesa”, referiu.
Para Aquilino Ribeiro Machado, pouco haverá a esperar do Ministério da Educação. “Aquele departamento crucial do Estado mais parece um parque zoológico de neosauros”, disse.

AL/JA

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