Mata do Liceu reabre à comunidade com projeto que pensa nas gerações futuras (e no ambiente)

Percurso de lazer tem cerca de um quilómetro

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Após cinco anos, a simbólica Mata do Liceu (Faro) reabriu à comunidade esta sexta-feira, dia 23 de março. Os farenses contam agora com um renovado espaço verde, com mais de 250 novas árvores plantadas e onde podem exercitar o corpo (e a mente), passear com os mais pequenos ou desfrutar de um relvado que convida a um banho de sol.

Foram cerca de 280 as árvores plantadas em substituição das mais de 100 abatidas, sendo algumas autóctones e outras de crescimento mais rápido, mas com elevada resistência a pragas, frisa o engenheiro Brito, projetista da obra.

O percurso de lazer estende-se por cerca de um quilómetro de caminhos amplos, ao longo do qual é possível contemplar a diversidade da vegetação.

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O espaço, pensado com a tónica no ambiente e no aproveitamento da água das chuvas, conta ainda com várias depressões no solo – que funcionam como pequenos lagos ou bacias de retenção da água da chuva – para que a humidade seja retida e preserve as novas espécies numa região em que cada vez chove menos.

Num espaço que outrora foi um pomar de sequeiro que remonta aos anos 30, destaca-se agora uma forte aposta “nas árvores folhosas, de modo a incrementar a deposição de matéria orgânica no solo”. O arvoredo foi ainda complementado com plantações ao nível arbustivo e subarbustivo que diminuem o pisoteio do espaço fora dos trilhos e beneficiarão das condições do solo.

Segundo o presidente da autarquia, Rogério Bacalhau, a intervenção teve como objetivo “melhorar significativamente um importante espaço verde da cidade, nomeadamente em termos de bem-estar, conforto e segurança dos seus utentes”, disse aos jornalistas.

“Temos uma mata para mais 20 ou 30 anos”, afirmou o autarca.

“Para além de ser um espaço agradável, estamos a dar vida à Mata, é isso que gostava de destacar”, sublinha.

Tal como aconteceu com o Jardim da Alameda, reaberto em junho do ano passado após requalificação, o presidente da Câmara Municipal de Faro espera que “as pessoas se apropriem e cuidem deste espaço”.

“Peço às pessoas que zelem por este espaço. É preciso ter cuidado, não trazer para aqui os cães e depois deixá-los andar por aí, é preciso não grafitar… É preciso tratar bem aquilo que é nosso”, apela.

O momento do descerrar da placa

A Mata do Liceu dispõe agora de novos espaço âncora, como uma área de street workout ou arborismo, além de terem sido recriados outros espaços já existentes no passado, como o parque infantil, o parque geriátrico ou o anfiteatro. Uma das maiores atrações dá nas vistas pelas suas cores vivas – um campo de basquetebol
“desconstruído” que promete ser lugar de passagem pelos amantes da modalidade (e da fotografia).

O campo de basquetebol

Recorde-se que o projeto de requalificação daquele espaço público foi elaborado por uma equipa técnica contratada para o efeito no final de 2018, tendo posteriormente decorrido o procedimento para seleção do empreiteiro.

O contrato de empreitada, adjudicada à empresa Arquijardim, S. A. por um montante global de 1.049.140,87 euros, acabou por ser assinado em novembro de 2020, tendo a empreitada sido consignada em novembro de 2021, após visto tardio do Tribunal de Contas. Como consequência de “revisões de preços”, o investimento final do projeto ultrapassa “um milhão e meio de euros”, precisou Rogério Bacalhau.

Tendo em conta os evidentes sinais de degradação de um espaço icónico da cidade e antecipando o início da empreitada, foi solicitado, pelo município de Faro, um parecer da Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Algarve, tendo esta entidade remetido um relatório que atestou as deficientes condições fitossanitárias do espaço, salientando que a vulnerabilidade das espécies existentes (maioritariamente pinheiros, ciprestes, eucaliptos e casuarinas) seria resultado de um efeito combinado de sobrepovoamento, compactação dos solos (pisoteio) e défice hídrico (zona alta sem rega).

Em relatório, o ICNF recomendava, entre outras ações, o corte “das árvores mortas e doentes”, “podas de rejuvenescimento”, e “substituição de arvoredo”. Este mesmo parecer veio confirmar assim o diagnóstico que já tinha sido efetuado pela equipa técnica responsável, que considerou que as questões fitossanitárias e o risco de queda iminente de ramos ou árvores – numa zona de intensa circulação pedonal e nas imediações de vários estabelecimentos escolares – justificariam o abate e poda de alguns exemplares de árvores mortas ou doentes.

A manutenção do espaço está a cargo da Junta de Freguesia de Faro (União de Freguesias de Faro).

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