Médico alerta para complexidade de integração de cuidados nas ULS

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O presidente da associação dos Centros de Responsabilidade Integrada (CRI) alertou esta semana para a complexidade na integração de cuidados prevista no modelo das Unidades de Saúde Locais e defende uma maior aposta na descentralização de competências para as autarquias.

João Varandas Fernandes, presidente da Convergência dos Centros de Responsabilidade Integrados, Associação (CCRIA), defendeu que as Unidades de Saúde Locais (ULS) não são “o caminho desejável” para uma reforma do serviço público de saúde, lembrando que medidas generalizadas no setor da saúde “muitas das vezes não provocam efeito”.

“As necessidades da população de Bragança são diferentes das de Aveiro, são diferentes das necessidades de Faro”, exemplificou o responsável, salientando que o impacto que as ULS estão a ter “é impreciso” e que se as regiões têm diferentes perfis não devem ser tratadas de igual forma.

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Sublinha que a integração de cuidados (primários e hospitalares) “é desejável”, mas lembra que, neste momento, os cuidados primários de saúde não têm uma “consulta resolutiva”.

“Não têm meios complementares para poder chegar a um diagnóstico, pelo menos naquelas doenças em que é necessário intervir logo ali, e as marcações são feitas a seis meses”, exemplificou.

Lembrando que as abordagens necessárias para a integração de cuidados de saúde primários e hospitalares não devem ser generalizadas a nível nacional, Varandas Fernandes sublinhou igualmente que “as unidades de referência em centros académicos devem ter um desempenho formativo existencial preponderante”.

“Daí nós defendermos que as ULS não são o caminho desejável para aquilo que se propõe para uma reforma do serviço público de saúde, ou seja, a integração com os cuidados privados e com os cuidados de sociais”, afirmou o responsável, insistindo que é um erro, nas ULS de Lisboa, Porto e Coimbra, fazer a integração de cuidados da mesma forma.

Para o especialista, mais importante do que as ULS é a transferência de competências para as autarquias, acompanhada do respetivo financiamento, com uma prestação de cuidados em proximidade, com o envolvimento de todos os profissionais, pois “conhecem melhor a região do que propriamente um mega projeto de ULS”.

O responsável, que dirige o CRI de Traumatologia Ortopédica do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, insiste na importância de investir na prevenção da doença e na promoção da saúde, considerando que “a falta de prevenção torna maior a despesa em saúde”.

João Varandas Fernandes defendeu ainda que o sistema deve caminhar para uma organização hospitalar em unidades funcionais ou centros de responsabilidade integrada (CRI), que são estruturas dependentes dos conselhos de administração dos hospitais, mas assumem compromissos de desempenho assistencial, económico e financeiro – como acontece com as Unidades de Saúde Familiar.

“A autonomia com responsabilização e com o cumprimento dos indicadores de desempenho é uma medida que, na minha opinião, vai resolver em boa parte aquilo que é necessário para os hospitais poderem responder, não só às listas de espera, na verdade, à acessibilidade, como também a satisfação dos próprios profissionais”, afirmou o especialista, acrescentando: “Isto para além da qualidade técnica que está inerente à formação dos próprios centros de responsabilidade”.

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