Merkel chama Sócrates a Berlim

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A chanceler alemã Angela Merkel convidou o primeiro-ministro português para uma reunião em Berlim a 2 de março, no próprio dia em que Portugal faz um leilão de recompra de dívida e nas vésperas da reunião do BCE.

De acordo com as informações lançadas pela Lusa, o primeiro-ministro José Sócrates aceitou um convite da chanceler alemã Angela Merkel para uma reunião em Berlim no dia 2 de março, na próxima quarta-feira.

A agenda centrar-se-á na preparação das cimeiras europeias do próximo mês, o Conselho Europeu extraordinário de 11 de março e o Conselho Europeu de 24 e 25 de março. Em cima da mesa, na discussão entre Merkel e Sócrates, estará a flexibilização da Facilidade Europeia de Estabilização Financeira (FEEF), um tema que encontra forte oposição na Alemanha.

Este encontro em Berlim realiza-se no próprio dia em que o Instituto de Gestão de Tesouraria e de Crédito Público realiza operações de recompra de dívida e de leilão de bilhetes do Tesouro e na véspera da reunião do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt.

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Posições em confronto

A posição da parte portuguesa, segundo declarações do ministro das Finanças Teixeira dos Santos à entrada da última reunião do Eurogrupo a 15 de fevereiro, centra-se em duas ideias:
a) o FEEF deveria poder intervir no mercado primário e secundário e realizar operações de empréstimo aos estados-membros com problemas, mas com condições de financiamento menos onerosas do que as que estão a ser praticadas atualmente;
b) os empréstimos deveriam ter diferentes modalidades, desde as acordadas com a Grécia e a Irlanda até ao recurso a linhas de crédito (à semelhança das disponibilizadas pelo Fundo Monetário Internacional, se bem que através de um instrumento europeu).

No entanto, na Alemanha a oposição à flexibilização da FEEF é crescente. Como já noticiámos, um grupo de 189 economistas alemães publicou ontem uma carta aberta no jornal Frankfurt Allgemeine Zeitung contra a linha de flexibilização do sistema de “resgate” e afirmando que os países com crise da dívida soberana devem avançar para um processo de insolvência.

A carta aberta refere três pontos capitais:
a) os créditos aos países aflitos só devem ser concedidos depois de uma reestruturação da dívida;
b) o estado de insolvência deve ser determinado por uma instituição internacional (por exemplo o Fundo Monetário Internacional) e não pelo país;
c) o Banco Central Europeu (BCE) não deve fornecer crédito ilimitado através do plano de compra de dívida soberana dos países aflitos.

No mesmo jornal alemão, o editorialista Holger Steltzner afirmava que o BCE se transformou em um bad bank (um banco com um alto nível de “lixo tóxico” financeiro) em virtude da sua política face às dívidas soberanas e ao próprio sistema bancário da zona euro.

JA/Rede Expresso
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