Olhão soma e segue

Sara Brito
Sara Brito
Docente na Pós-graduação “Segurança, Saúde e Felicidade no Trabalho”- ISEC Coimbra Mestre em Literatura Comparada; Pós Graduada em Multiculturas e Gestão de Relações Interculturais

Data de 1378 a primeira referência escrita ao lugar de “Olham”. No entanto, este lugar abundante em água e de barra acessível, já seria ocupado desde os tempos pré-históricos.
Segundo alguns textos, teria aproximadamente 2 mil habitantes aquando da implementação de Vila Real de Santo António no sex. XVIII, altura em que Marquês de Pombal terá ordenado a povoação das terras mais a sul, para defesa da nossa costa.
A 16 de junho de 1808 surge um espontâneo e genuíno levante popular contra os abusos dos invasores franceses que ocupavam o Algarve, movimento esse que serviu de motor ao restante território.
Um mês depois, 17 homens – no qual se incluía o meu antepassado que daria o nome à minha trisavó materna de Maria do Ó Vinhita – atravessaram um oceano para ir avisar o Príncipe Regente das incursões em marcha, o qual daria como recompensa a esses navegante o título “do Ó” (do lugar de Olhão) e o Alvará que permitiria o nascimento da Vila de Olhão da Restauração, originando que em 1826 nascesse o novo concelho de Olhão.
A Olhão nada lhe foi dado, tudo tem sido conquistado. Da sua existência, passando pela sua identidade e respeito face ao vizinho mais próximo Faro, até à sua afirmação enquanto cidade moderna que ousa afirmar o seu crescimento e qualidade inegáveis na região.
Olhão soma e segue, a passos ponderados mas firmes, da ação social, à educação, ao desporto, à juventude, à saúde, à cultura, ao ambiente… Discretamente se afirma dando exemplos. Tem a única Casa da Juventude Municipal, com edifício e valências próprias, com atividades, financiamento e gestão exclusivamente autárquicas; deu cartas em tempos de pandemia quando abriu um dos primeiros Núcleos de Apoio à Saúde Pública, que serviu de modelo a ser replicado em vários outros concelhos que nos visitaram; tem um dos auditórios melhor apetrechados no Algarve; antecipando-se a medidas nacionais, ofereceu tabletes a alunos e professores do concelho (programa que não continuou por o governo ter começado a fornecer equipamentos aos alunos e professores); apoia os alunos do primeiro ciclo com material de desgaste anualmente; tem uma equipa atenta e presente, agindo prontamente nas inúmeras situações sociais que ocorrem no concelho; foi dos primeiros municípios do país a colocar autocarros disponíveis para recolher os familiares dos ucranianos residentes no concelho; mantém uma programação cultural diversificada mas constante, promovendo animação no concelho; enfim…
Muitas foram as vozes que se elevaram por este ano não ter ocorrido o Festival do Marisco. A esse respeito, enquanto cidadã olhanense que aqui vive há 17 anos, tenho a dizer que Olhão é um Festival do Marisco estendido no tempo: há animação para todos os gostos por todo o concelho; os restaurantes têm, entre outras coisas, excelentes pratos confecionados de marisco; as lojas que se alinham ao longo de toda a marginal têm marisco sempre fresco, pronto a ser comprado e cozinhado em casa, ou quentinho acabado de fazer, para quem prefere comprar e “petiscar” numa das inúmeras esplanadas perto. Enfim, a única coisa que não vi foram populares do lado de lá de um recinto pago a tentar ver os concertos que só alguns poderiam pagar para entrar.
Na verdade, quando as pessoas querem falar, qualquer motivo serve para tal. Até já há quem fale mal do “Festival do Pirata”, esquecendo-se que a brincar também se ensina história e que da de Olhão faz parte a Fortaleza de S. Lourenço, que vigiava a entrada da barra e dissuadia os corsários atacantes. Talvez algumas pessoas achem menos agressivo os meninos todos em casa entretidos com jogos que fazem explodir pessoas, ou em redes sociais que têm desafios que destroem vidas.
Tudo isto para chegar à Marina de Olhão que vem, de uma vez por todas, afirmar Olhão enquanto destino com futuro, moderno e jovem do Algarve, que já muito foi falada em todos os meios de comunicação social. Um espaço que eleva e orgulha quem cá vive. Olhão está de parabéns. E porque às vezes as palavras faltam e este texto já vai longo, visitem, venham ver com os vossos olhos o novo espaço de lazer e animação de Olhão e convidem-me, que terei muito gosto em acompanhá-los nesta descoberta deste novo Olhão.

Sara Brito

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