Pais preocupados com aproveitamento escolar dos filhos

Os mais de 300 alunos da Escola Secundária de Silves estiveram cerca de um mês sem a possibilidade de assistir a uma única aula devido à greve dos professores, segundo conta ao JA um encarregado de educação, que tal como muitos outros, está preocupado com o aproveitamento escolar do seu filho neste período. Entretanto, com o decretar dos serviços mínimos por parte do Governo, a escola voltou a abrir portas, mas alguns professores continuam em greve

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O dia 3 de janeiro deste ano marcou o início do segundo período escolar. No entanto, entre os dias 4 e 31 do mesmo mês, mais de três centenas de alunos foram impedidos de entrar na sua escola, de aprender e de comer na cantina devido à greve dos professores e de funcionários.

Todos os dias, cerca de 20 minutos após o horário marcado para o início de aulas, os portões da Escola Secundária de Silves, sob o olhar atento de pais e alunos, viam ser afixados papéis que anunciavam a não existência de aulas durante a manhã e tarde.

Este ato sucedeu-se durante cerca de 20 dias, levando até à organização de um protesto por parte dos encarregados de educação, que dizem não estar contra os professores, mas que os seus alunos têm direito a entrar na escola.

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O JA falou com um encarregado de educação, cujo filho tem 12 anos e é aluno do 7.º ano de escolaridade, que conta que “supostamente a greve deveria acontecer ao primeiro e segundo tempo da manhã, mas a escola não abriu um único dia”.

“Ninguém dizia nada. Telefonávamos para a escola e diziam que não sabiam de nada”, refere.

Ao mesmo tempo que os papéis de aviso de encerramento da escola eram colocados nas grades daquela instituição de ensino, os professores manifestavam-se, tal como acontece em todo o país desde o ano passado.

“Não tiveram a dignidade de colocar um papel a dizer que a escola ia estar fechada, por exemplo, durante 10 dias. Isto é propositado para haver confusão social”, acrescenta.

O encarregado de educação que quis manter o anonimato disse ainda ao JA que “Silves é um concelho muito grande e há alunos que vêm de muito longe para a escola. Muitos deles já só têm autocarro para voltar para casa ao final do dia e outros acabaram por deixar de ir”.

Durante os primeiros dias de greve, os pais dos alunos daquela escola conseguiram organizar-se levando os filhos para o trabalho, tirando folgas ou dias de férias para ficarem com os estudantes em casa, mas “durante um mês isso é socialmente impossível”.

Outros alunos acabavam por ir para casa de tios, primos “ou uns dos outros”, enquanto alguns “andaram ao deus-dará e ninguém sabe o que estiveram a fazer”.

No entanto, o caso da Escola Secundária de Silves parece ser único a nível nacional e está a preocupar pais e filhos.

“A partir de uma certa idade, os pais já não conseguem acompanhar a matéria para ensinar aquilo que os professores deviam estar a fazer”, confessa ao JA.

Alguns destes alunos, que não receberam qualquer tipo de trabalhos para fazer em casa durante este tempo, querem ir este ano para a universidade ou estão a preparar a sua média, situação que deixa os pais “extremamente preocupados”.

“Muitos pais estão a ponderar pôr os filhos em explicações, mas monetariamente não está fácil porque é muito caro”, conta.

O encarregado de educação salienta ainda que “ninguém está contra os professores” e que os pais “acham bem que eles lutem pelos seus direitos”, pois “vivemos em democracia e temos de agradecer por podermos lugar pelos nossos direitos”.

No entanto, considera que “não é esta a ideologia que tem de se passar para os miúdos: não interessa quem é que prejudicamos desde que tenhamos os nossos direitos”.

Com os serviços mínimos decretados, alguns professores continuam sem dar aulas, mas os alunos são obrigados a permanecer dentro do recinto escolar durante o horário que lhes foi atribuído.

Durante estas dezenas de dias sem aulas, a cantina também esteve fechada, o que fez com que os alunos mais necessitados não tivessem acesso a refeições.

Este problema fez com que vários pais contactassem a Câmara Municipal de Silves, que algumas semanas depois encontrou uma maneira das refeições serem proporcionadas noutro local para miúdos até ao 5.º ano.

“Isto gera uma revolta enorme, porque dar uma refeição a uma criança não está relacionado com a greve. A greve pelos direitos dos professores não lhes dá o direito de retirar a refeição das crianças”, conclui o encarregado de educação.

O JA tentou contactar várias vezes a direção da Escola Secundária de Silves mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.

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