PAN admite providência cautelar contra loteamento nas Alagoas Brancas

Para a área em causa, uma zona húmida temporária com cerca de oito hectares, está prevista a construção de 11 lotes para comércio e serviços

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A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, admitiu recorrer à ação popular ou à interposição de uma providência cautelar para travar o avanço de um loteamento comercial previsto para a zona húmida das Alagoas Brancas, em Lagoa.

“Fizemos esta queixa [no Ministério Público] e se necessário também iremos recorrer a instrumentos como a própria ação popular ou uma providência cautelar. O nosso gabinete jurídico está precisamente a estudar qualquer uma dessas possibilidades”, referiu a líder partidária durante uma visita à área para onde está previsto o loteamento.

Segundo Inês Sousa Real, a queixa, apresentada na segunda-feira, dia 31 de outubro, visa que o Ministério Público atue para defender “os interesses ambientais”, tendo o grupo de cidadãos que contesta o projeto já intentado uma providência cautelar que chegou ao Tribunal Central Administrativo do Sul, que acabou por dar razão ao promotor.

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“O PAN não poderá estar ao lado de decisões políticas absolutamente irresponsáveis e que constituem atos criminosos para com os valores ambientais, por isso faremos tudo o que está ao nosso alcance para defender este património natural único”, insistiu a deputada do PAN, rodeada por cerca de 40 pessoas que exibiam fotografias de aves e faixas de protesto.

Para a área em causa, uma zona húmida temporária com cerca de oito hectares, está prevista a construção de 11 lotes para comércio e serviços, projeto que remonta a 2007 e que tem sido desde então contestado por movimentos e associações ambientalistas, tendo os trabalhos de terraplanagem no local sido iniciados em outubro.

“Não podemos ter um atropelo dos direitos ambientais como estamos aqui a assistir. O PAN não se irá silenciar até que esta situação seja travada”, reiterou Inês Sousa Real, frisando não ser aceitável que aquela zona esteja a sofrer “um atentado e um dano absolutamente irreversível”.

Segundo a deputada e líder do PAN, para além se tratar-se de uma zona suscetível de inundação, “por força das sucessivas alterações à legislação carece de uma avaliação de impacte ambiental, como veio já a CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] pronunciar-se nesse mesmo sentido”.

Além da CCDR do Algarve, também o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), afirma “existirem valores ambientais de elevada relevância, seja pela sua biodiversidade, seja pelo papel que as zonas húmidas têm no combate à crise climática”, acrescentou.

“Aquilo que deveria estar a ser estudado a este tempo e aquilo que o presidente da Câmara tinha a obrigação de ter feito em defesa dos interesses da população era ter-se sentado com o promotor e encontrar um outro espaço. Uma superfície comercial pode ser construída em qualquer outro local desta autarquia”, concluiu.

De acordo com Anabela Blofeld, do grupo de cidadãos que contesta o projeto, aquela zona, onde se deslocam amantes de ornitologia, portugueses e de outros países, para fotografar as 149 espécies de aves que procuram esta zona como refúgio, deveria ser transformado num parque público.

Segundo a cidadã, além do elevado valor ambiental da zona, que alberga mais de 300 espécies de fauna e flora, trata-se de terrenos vulneráveis a inundações e onde, se for colocado muito peso à superfície, pode haver o risco de abatimento de terras.

O projeto inicial foi aprovado em 2009 e passou por todas as fases de licenciamento previstas na lei para permitir a atribuição do alvará e o loteamento, de acordo com a Câmara de Lagoa.

A contestação ao projeto tem partido de várias associações e movimentos, nomeadamente, a Associação Almargem, A Rocha Portugal, GEOTA, FAPAS, Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável.

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