Passos encosta CDS à parede, Seguro quer eleições antecipadas

ouvir notícia

Passos Coelho falou ao país (foto: Alberto Frias / Expresso)

Com um Congresso do CDS à porta, Passos encosta o partido de Portas à parede. “Ambos os partidos (PSD e CDS) têm a obrigação de não desiludir os portugueses”

.

Passos Coelho pediu “cabeça fria” perante a crise e lançou um desafio ao CDS para que clarifique as condições do pedido de demissão de Paulo Portas do Governo. Com um Congresso dos centristas marcado para o fim de semana, o primeiro-ministro força o partido de Portas a dizer o que quer fazer, independentemente da vontade do líder de abandonar o Executivo.

- Publicidade -

“Ambos os partidos (PSD e CDS) têm a obrigação de não desiludir os portugueses”, afirmou Passos, e “sejam quais forem as divergências saberemos ultrapassá-las”, garantiu.

O primeiro-ministro aposta claramente numa eventual divisão no CDS e na posição dos críticos de Portas (como Ribeiro e Castro, que se veio mostrar muito surpreendido com a demissão do MNE). E tenta espicaçar os centristas a dizerem o que pensam da sua posição na coligação e de uma crise política neste momento, para além da decisão do seu líder.

A esperança de Passos conseguir recuperar o parceiro de coligação é diminuta, reconhecem fontes oficiais. Mas, aconteça o que acontecer, Passos Coelho tenta rentabilizar a seu favor o facto de ter tentado até ao fim evitar uma rutura no Governo.

Seguro recusa outro caminho que não eleições

António José Seguro recusa outro cenário para a saída da crise política “gravíssima” que não sejam eleições antecipadas. Repetindo por duas vezes – numa indireta ao papel do Presidente da República – que “cada um deve assumir as suas responsabilidades”, o secretário-geral socialista foi taxativo: “O país precisa de um novo Governo” e este precisa de uma “legitimidade forte”, que só se obtem com a realização de eleições, afirmou há instantes na sede nacional do PS.

Seguro qualificou a intervenção de Pedro Passos Coelho como sendo a de “um primeiro-ministro distante da realidade”. “Só um primeiro-ministro sem noção do que se está a passar pode pretender perpetuar-se no lugar”, afirmou.

O que se passou nos últimos dias foi considerado pelo líder socialista como sendo de uma “total irresponsabilidade e falta de respeito pelos portugueses”. A demissão do ministro das Finanças, a sua substituição pela secretária de Estado do Tesouro Maria Luís Albuquerque, e a subsequente demissão de Paulo Portas configuram, aos olhos de Seguro, uma situação “intolerável” e que “os portugueses não merecem”.

Para o secretário-geral do PS, “o primeiro-ministro perdeu o mínimo de autoridade política para governar”: “O país precisa de um Governo e o que existe já não é minimamente um Governo”, disse. Tempo, portanto, para por termo à situação: “Chega de fazer de conta”.

“Arrastar esta situação penosa criará ainda mais danos”, vaticina, pelo que a solução – na sua perspetiva – é apenas uma: “Um novo Governo”, que seja “forte, competente, coeso, capaz de mobilizar os portugueses para a saída da crise, capaz de promover o diálogo político e o diálogo social, com voz forte na EU, capaz de defender os interesses dos portugueses, que dê sentido aos sacrifícios dos portugueses”.

Para lá chegar, Seguro só vê um caminho: “só com a realização de eleições”. Previsivelmente, esse será o tema da conversa que manterá amanhã, às 16h30, com Cavaco Silva, na audiência que lhe solicitou após a demissão de Vítor Gaspar. Seguro não confirma: “Apesar do descalabro institucional, mantenho o respeito institucional pelo Presidente da República”, justificou.

Ângela Silva (Rede Expresso)

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.