Pinochet: o fantasma que ensombra o Chile

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Quarenta anos depois do golpe militar que assassinou Salvador Allende, a memória da ditadura de Pinochet ainda marca o quotidiano do Chile. A democracia está consolidada mas são necessárias reformas políticas, a começar pela lei eleitoral.

Quarenta anos passados sobre o golpe militar que levou Augusto Pinochet ao poder, “a era do ditador terminou, apesar do general continuar a projetar a sua enorme sombra”. Quem o diz no seu blogue é Heraldo Muñoz, resistente chileno e atual diretor para a América do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Hoje, “a democracia está consolidada mas o sistema político precisa de mudanças”, disse ao Expresso fonte diplomática chilena. “É necessário rever a lei eleitoral sobre os chilenos que vivem fora do país. Há um milhão de chilenos emigrados, que ainda não têm acesso ao voto”, adianta a mesma fonte.

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“O poder judicial pediu finalmente desculpas oficiais pelo seu comportamento durante a ditadura. Isto é um sinal da mudança interna no aparelho judicial”, disse ao Expresso a investigadora Alexandra Barahona de Brito, doutorada em Oxford sobre Direitos Humanos e Democratização na América Latina.

Alexandra Barahona de Brito destaca o número de casos que estão ser julgados: “era algo impensável há 20 anos atrás”, pouco depois de Pinochet ter sido afastado pelo voto em 1988.

Pinochet, na definição de Muñoz, é o ditador que “personificou uma contradição inquietante”. O seu regime transformou o país numa das “economias mais prósperas da América Latina”, e ao mesmo tempo caraterizou-se pela “brutalidade e corrupção”. Segundo Muñoz foi por esta razão que Pinochet “nunca teve uma amizade duradoura com Washtington”.

Para o diretor do PNUD o milagre económico do Chile não se deve a Pinochet mas à democracia: “nenhuma nação necessita de um tirano para se modernizar e alcançar o bem-estar”. E recorda que que a “reforma agrária da década de 60 e início de 70 permitiu que o regime militar estimulasse uma economia virada para a agroindústria e a exportação”.

Muñoz diz que as mazelas sociais do regime só foram detetadas depois do ditador ser afastado pelo voto em 1988″, e o Chile de 2013 “é um dos 15 países mais desiguais do mundo”.

A persistência da “desigualdade [social) e da pobreza, os problemas pendentes com a proteção do ambiente e com a representação política para o grupo indígena (Mapuche)”, são dois dos problemas que ainda persistem, assinalados pela investigadora Alexandra Barahona de Brito.

Manuela Goucha Soares (Rede Expresso)
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