Líder do CDS será vice-primeiro-ministro, coordena áreas económicas e reforma do Estado e “rouba” às Finanças as renegociações do memorando.
Pedro Passos Coelho confirmou ao fim da tarde de ontem, após uma cimeira entre as direcções do PSD e do CDS, que Paulo Portas continua no Governo, depois da demissão que este tinha anunciado como “irrevogável”.
O líder do CDS deixa os Negócios Estrangeiros, mas afirma-se como verdadeiro número 2 do Governo, como vice-primeiro-ministro com a coordenação das áreas económicas, da reforma do Estado e do relacionamento com a troika.
Ou seja, Portas terá na mão as três áreas mais importantes para a segunda metade da legislatura, incluindo as renegociações do programa de resgate, que seriam competência do Ministério das Finanças. Porém, apesar da oposição de Portas, Maria Luís Albuquerque fica como ministra das Finanças.
Passos garantiu que o entendimento a que chegou com o CDS, e que foi anunciado no final de um encontro dos estados-maiores dos dois partidos, é um “acordo sólido e abrangente para ultrapassar esta situação” de “modo consistente e duradouro”. Mais: “Reúne as condições políticas necessárias para garantir a estabilidade até ao fim da legislatura e assegurar o cumprimento do compromissos externos”.
A declaração do primeiro-ministro, com Paulo Portas em silêncio ao seu lado, inclui ainda a narrativa de “viragem” que tem sido exigida pelo CDS. Passos prometeu “reforçar a valorização da política económica e a prioridade ao crescimento e emprego” e anunciou “um novo ciclo da nossa vida nacional, que desejamos que coincida com a viragem da situação económica”.
Esta proposta, que Passos Coelho apresentou na sexta-feira ao Presidente da República, só terá resposta de Cavaco Silva depois da ronda de contactos com partidos e parceiros sociais que tem agendada para a próxima semana. Segundo o Expresso adiantou na sua edição de hoje, Cavaco Silva não pôs de lado, nos últimos dias, um governo de iniciativa presidencial.
