Portugal cada vez mais longe dos países mais ricos

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Na prática, os portugueses irão sofrer uma queda de nove lugares no espaço de 15 anos

PIB per capita português cai nove posições no ranking mundial das economias mais ricas entre 2000 e 2015

Tal como na Física, com a relatividade de Einstein, também na Economia tudo é relativo. No ano um, o produto interno bruto (PIB) per capita português rondava os 450 dólares (€500), de acordo com as séries de Angus Madison, o economista holandês falecido em 2010. Atualmente as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para cerca de 23 mil dólares em paridade de poderes de compra (PPP), a unidade utilizada para comparar diferentes países corrigindo os níveis de preços.

No espaço de 2010 anos, a riqueza média produzida por habitante ter-se-á assim multiplicado por cerca de 40 vezes. Só nas últimas três décadas cresceu quatro vezes. Só que a verdade é que Portugal deixou de se aproximar do PIB per capita dos países mais ricos desde 1990.

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No início dos anos 80, os portugueses estavam na 39ª posição a nível mundial. Conseguiram subir até ao 34º lugar em 1990 onde ficaram até ao ano 2000. A partir daí tem sido sempre a descer. Se as projeções do FMI para 2015 se confirmarem, Portugal será ‘apenas’ o 43º numa tabela liderada pelo Qatar. Isto apesar de haver um crescimento do PIB per capita até quase aos 26 mil dólares em PPP. Na prática, os portugueses irão sofrer uma queda de nove lugares no espaço de 15 anos. E, dentro da União Europeia, será ultrapassado pela Eslováquia depois de estar já atrás de quatro países que aderiram na última década (Eslovénia, Malta, Chipre e República Checa).

Crise da dívida faz estragos
Nos próximos anos, Portugal irá sofrer os efeitos do ajustamento orçamental e do consequente fraco crescimento que se antevê para os próximos anos. Entre os outros países da periferia do euro, os estragos provocados pela crise da dívida também se sentem. O caso mais flagrante é a Grécia que, embora continue acima de Portugal, regressará ao lugar 33º em 2015, enquanto Espanha e Irlanda se manterão nos atuais níveis (ver gráfico).

Convém sublinhar, no entanto, que o PIB per capita irlandês é um dos maiores do mundo. Em 2010, ocupava o 11º lugar a nível mundial mas já esteve nos dez primeiros lugares. Grande parte do enriquecimento irlandês foi conseguido precisamente à custa do endividamento que provocou uma bolha no imobiliário, fragilizou os bancos e acabou por conduzir o país à atual crise. Neste momento, a economia irlandesa debate-se com sérios problemas que vão demorar anos a ser resolvidos e que já obrigaram o país a recorrer ao auxílio externo.

A lista dos mais ricos é dominada há vários anos pelo Qatar, o emirado no Golfo Pérsico que tem no petróleo e gás as suas principais fontes de riqueza. Juntas representam mais de metade do PIB do país que têm feito nos últimos anos um enorme esforço para reforçar a sua imagem internacional.

Além de outros casos semelhantes ao Qatar como o Koweit ou o Brunei, fazem também parte da tabela das mais ricas economias desenvolvidas como os EUA, Luxemburgo, Suíça, Noruega (também com petróleo), Austrália ou Canadá (ver gráfico). De destacar que a Alemanha apenas ocupa a 20ª posição e o Japão a 25ª, respetivamente a quarta e terceira maiores economias mundiais. Nos lugares cimeiros não existe espaço para a China que, apesar de ser o gigante em ascensão, ainda tem um longo caminho a percorrer.

China bate todos os recordes de subida da riqueza
Se algumas dúvidas existissem sobre a rápida ascensão da China na economia mundial nos últimos anos, bastaria olhar para a evolução do seu PIB per capita. Entre 1980 e 2015, de acordo com as projeções do Fundo Monetário Internacional, terá um crescimento de quase 50 vezes. É o maior salto do mundo que, mesmo assim, deixa ainda a China longe dos padrões das economias mais ricas. Com um PIB per capita de 7,5 mil dólares PPP (cerca de um terço do português), ocupará em 2015 apenas a 81ª posição na tabela dos mais ricos. Só ao longo destes cinco anos saltará 12 degraus e desde 2000, quando estava na 117º lugar, já são mais de 30. Entre os países que mais recuperaram nos últimos anos estão economias como a Coreia do Sul, Singapura ou Índia. O Brasil, embora em menor dimensão, também está entre os países com maiores ganhos de PIB per capita nos últimos anos e entre os que tem melhores perspetivas para os próximos anos.

João Silvestre (Rede Expresso)

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