Proposta russa pode travar guerra à Síria

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Russos querem que a Síria entregue o seu arsenal químico à comunidade internacional, evitando assim uma intervenção militar, proposta está a ser bem acolhida na Europa.

“É um desenvolvimento positivo e vamos levá-la a sério.” Foi assim que o presidente dos EUA, Barack Obama, reagiu à proposta russa, feita ontem pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros, de a Síria prescindir do seu arsenal químico e evitar uma intervenção militar no país.

“Apelamos aos dirigentes sírios para que não só aceitem colocar sob controlo internacional o seu stock de armas químicas e, a seguir, destruí-lo, mas também para que adiram plenamente à Organização para a Proibição de Armas Químicas”, propôs ontem Sergei Lavrov numa breve alocução, algumas horas depois de se ter reunido com o chefe da diplomacia síria, Walid Mouallem, em Moscovo.

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“O ministro Lavrov apresentou uma iniciativa relacionada com as armas químicas. Eu declaro: a Síria saúda a iniciativa russa, assente nas preocupações dos dirigentes russos sobre a vida dos nossos cidadãos e a segurança do nosso país”, declarou Wallid Mouallem, citado pelas agências russas, acrescentando elogios à “sabedoria dos dirigentes russos que estão a tentar impedir uma agressão norte-americana” ao povo sírio.

Proposta bem recebida, mas…

A proposta apresentada pelo ministros dos Negócios Estrangeiros russo parece ter sido bem recebida, não só em Damasco e nos EUA – onde a oposição a uma nova guerra parece estar a aumentar -, mas também na Alemanha, em França e no Irão.

A chanceler alemã, Angela Merkel, considerou, em declarações à televisão ARD, a proposta “interessante”, antes de reiterar a sua oposição a uma intervenção militar, e disse esperar que “não se tratasse de ganhar tempo”.

Do mesmo modo, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, afirmou que “a proposta do ministro Sergei Lavrov merece um exame atento” e exigiu que o Presidente sírio, Bashar al-Assad, “se comprometesse imediatamente com a entrega ao controlo internacional do seu arsenal químico e a sua total destruição”.

O Irão também já se manifestou de acordo com os russos, admitindo que os sírios devem entregar as suas armas químicas. “A República islâmica do Irão acolhe favoravelmente a iniciativa [da Rússia] que visa travar qualquer ação militar” contra a Síria, declarou a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Marzieh Afgham, durante uma conferência de imprensa, em Teerão. “Queremos que a nossa região se livre de todas as armas de destruição em massa”, pelo que “estes esforços devem também visar as armas químicas de que dispõem os grupos rebeldes sírios”, realçou.

Por sua vez, a ex-secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, considerou o plano apresentado por Lavrov um “passo importante”, mas ressalvou que a Federação Russa tem de ajudar de forma sincera a comunidade internacional a resolver a crise ou “vai ser sujeita a julgamento” e que a nova iniciativa não pode ser uma desculpa para adiamentos ou obstruções pela Síria.

Hillary apelou ainda ao Congresso para que apoie o Presidente norte-americano na sua intenção de agir militarmente contra o regime de Assad para punir o ataque com armas químicas.

Barack Obama irá discursar hoje aos norte-americanos, numa mensagem que será difundida através das televisões.

Mariana Cabral (Rede Expresso)
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