Diogo Piçarra: “Ao Diogo dos Ídolos diria para ter calma e escolher as pessoas certas” 

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Diogo Piçarra escolheu o Teatro das Figuras, em Faro, na sua terra Natal, para o último concerto do ano, no dia 22 de dezembro, onde brindou o público com uma atuação irreverente, emotiva e aconchegante. O JA esteve nos bastidores do espetáculo, assistiu ao concerto na primeira fila e falou com o mentor do The Voice Portugal sobre a Tour “Vem Cantar Comigo”, que tem enchido as maiores salas de espetáculos do País.

Em apenas dez minutos de conversa ficámos rendidos à (boa) energia do artista que nos cativa pelo tom amistoso e pela humildade das palavras. Diogo, também compositor e produtor, explica-nos que a tour “Vem Cantar Comigo” marca a primeira vez que se apresenta totalmente a solo em palco, com a particularidade de ter um convidado especial em cada concerto para um momento de duetos. Em palco, Diogo Piçarra trabalha instrumentos e formas musicais que nunca o vimos explorar. Acompanhado de um cenário surpreendente, fascina o público pelo seu talento, mas também pela profundidade, verdade e proximidade que imprime nas suas atuações. Este é um espetáculo arrojado, em que Diogo Piçarra nos leva a viajar, durante cerca de uma hora e meia, por uma experiência sensorial que nos acaricia a alma. As misturas alternativas, os arranjos ousados, as melodias envolventes, o jogo de luzes imersivo e a interpretação intensa fazem deste um espetáculo único e imperdível. Para além dos sucessos que têm marcado a carreira do artista, como “Tu e Eu”, História”, “Já Não Falamos”, “Dialeto”, “Paraíso” e “Volta”, o artista presenteou a plateia com temas mais recentes como “Anjos”, “Monarquia” e “Vem Dançar Comigo”, a música que serviu de mote para esta Tour.


JA Magazine – A necessidade de estares com o público após um período em que ficámos isolados contribuiu para este formato mais intimista?
Diogo Piçarra –
Sem dúvida. A pandemia influenciou esta ideia na medida em que não tive tanto trabalho e então estes concertos e esta tour vieram colmatar o vazio que existiu durante quase dois anos. Foi uma forma que encontrei para promover o sigle “Vem Dançar Comigo” nas salas lindíssimas que temos, mudando o conceito para “Vem Cantar Comigo, já que não sou dançarino” (risos).


JAM – Esta é uma tour em que te apresentas totalmente a solo. Como te sentes neste registo?
D.P. –
Olha, tenho saudades da banda (risos). Tenho saudades porque estar sozinho em palco dá muito trabalho. É um concerto cansativo, as atenções estão todas em mim e qualquer falha nota-se logo. É uma responsabilidade e um desafio. Tive de reconstruir as músicas porque tenho de as começar de uma maneira diferente, tenho de ir gravando camada a camada e é só por isso que é mais cansativo.

O concerto decorreu em ambiente intimista


JAM – Para além de dares a oportunidade a novos talentos de subirem a palco e cantar contigo, de que outras particularidades é feito o espetáculo?
D.P. –
A parte cénica, as luzes, os lazeres, toda a envolvência que existe à minha volta… Não só a música, mas depois há o resto e acho que isso também é de louvar. A minha equipa trabalhou muito para fazer um conceito que fosse minimal e que desse para levar a várias salas e que fosse bonito. É algo que tem sido elogiado e estou feliz. Esta tour teve já seis concertos no Porto e em Lisboa que correram tão bem que decidimos fazer no resto do país com vários convidados conhecidos como a Áurea ou o Bispo. Como não posso ter sempre os mesmos convidados, decidimos também fazer com pessoas que fossem da zona onde vou cantar, o que me deixa em contacto com os talentos que estão espalhados pelo pais, ao mesmo tempo que estou de volta aos palco e com um conceito diferente: sozinho com uma loop station , o que tem sido uma aventura.


JAM – Quem é o Yasin Safa, o teu convidado que neste concerto subiu ao palco?
D.P. –
O Yasi é iraniano, tem 19 anos e tem uma história de vida incrível. Já participou no Got Talent em Portugal… No desafio que lancei aos fãs para enviarem vídeos a cantar descobri o Yasin e achei o timbre dele muito bonito e diferente. Agora está em Portugal e está a estudar medicina em madarim. Juntou duas coisas fáceis, não é? (risos). Estava a viver na China, mas por causa da pandemia acabou por ficar em Portugal. É uma grande voz… O Yasin vai agora até tentar o America’s Got Talent.


JAM – Cantar em “casa” é sempre especial. O que distingue o público e os fãs do Algarve?
D.P. –
O público do Algarve tem sido uma surpresa ano após ano. No início era um público difícil e eu percebo. Estava a começar a cantar e nos primeiros originais não é fácil. Mas sempre senti muito amor, desde as primeiras atuações em bares. Há sempre uma nostalgia quando cá venho. Entrar em Faro lembra-me sempre o antes e toda a minha vida aqui. Acima de tudo é um público que é casa. É um público especial, claro.

O cantor no dia da vitória nos MTV Europe Music Award

JAM – O que sentiste quando recebeste o MTV Europe Music Award para Melhor Artista Português?
D.P. –
Já nem me lembrava (risos). É um reconhecimento. Não estava à espera sabes? Nunca espero. A nomeação já foi uma surpresa e quando foi o anúncio do vencedor nem quis acreditar. Acho sempre que não mereço, que não fiz o suficiente, que podia ter feito mais. Não foi o meu ano, queremos sempre fazer mais, mas é sempre bom esse reconhecimento. Viajar para a Hungria e ir pela primeira vez a uma cerimónia da MTV, estar ao lado do Ed Sheeran e de todos os artistas internacionais… Só essa experiência valeu tudo! Até me esqueci do prémio. Estar lá como se fosse um espetador e um fã de música já foi incrível e estou muito agradecido.


JAM – Em 2022 faz 10 anos que entraste no programa Ídolos. Como era o Diogo dessa altura?
D.P. –
Vai fazer 10 anos desde os Ídolos! Bem visto! Mas é a prova de que estou a ficar velho (risos). Devia fazer qualquer coisa para celebrar isso… Agora que falas nisso. Bem… Foram dez anos que passaram a voar. Foi tudo tão rápido: programa, começar a gravar, chegar ao primeiro disco, tournées. Era um Diogo mais ansioso. Queria fazer tudo e muito rápido…


JAM – O que dirias ao Diogo de 2012?
D.P. –
Para ter calma. Na altura tinha muito pressa para que saíssem as primeiras músicas, mas acabei por demorar quase três anos até ao primeiro single e estava nervoso, ansioso, a pensar que ninguém ia ouvir, que ninguém ia confiar, ajudar-me. Calma e para escolher as pessoas certas. Eram esses os conselhos.

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JAM – Tens alguns duetos de sonho em vista?
D.P. –
Muitos. Seja no Brasil, na América, em Espanha… Quero trabalhar mais, fazer mais músicas, é esse o meu desejo. A pandemia veio cortar um pouco as minhas viagens… Todos os anos tinha viagens de trabalho marcadas. Tenho saudades de chegar lá fora, fazer músicas para os outros. Gosto dessa espontaneidade. Por exemplo, o que aconteceu com a Anitta: um dia estava num estúdio no Brasil, fiz uma ideia, a Anitta ouviu e cantou essa ideia . Adorava repetir isso todos os anos.


JAM – O que te deixa verdadeiramente inspirado (ou quem)?
D.P. –
Na música tenho várias referências. Ed Sheeran, Justin Bieber… Em Portugal o Manuel Cruz sempre foi uma inspiração minha. O Pedro Abrunhosa, o meu mestre. Fora da música o que me inspira é mesmo a vida das pessoas, as histórias, as pessoas que eu conheço, as suas experiências, as relações dessas pessoas. Aproveito essas histórias e escrevo canções.


JAM – Completa a frase: O The Voice tornou-te mais…?
D.P. –
Paciente. O The Voice deu-me o outro lado. Já tinha participado enquanto concorrente e agora no lado de quem está a apreciar, poder ouvir os concorrentes é algo arrebatador. Algo que nunca pensei que acontecesse depois do escrutínio que tive nesses mesmo programas. Não gosto da palavra avaliar sequer. Agora estou também mais sensível à vida das pessoas, aos sonhos das pessoas. Já o era, por já ter passado por isso, mas o The Voice tornou-me ainda mais.


JAM – Quais são os teus desejos para 2022?
D.P. –
Adorava que voltássemos à normalidade. Que as vacinas fossem um motivo forte para voltarmos á normalidade. Infelizmente não estamos a ver isso a acontecer… Mesmo com tanta gente vacinada os casos continuam a aumentar. O pior é que o nosso trabalho fica sempre para segundo plano. Já tive eventos cancelados, a passagem de ano cancelada. Este é mesmo o meu último concerto do ano e é no Algarve, por isso ainda mais especial é. .

Joana Pinheiro Rodrigues

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