O primeiro-ministro britânico prepara-se para anunciar esta segunda-feira que vai reforçar a missão sem precedentes no mar Egeu, com navios da Marinha Real que terão como principal objetivo enviar refugiados e migrantes de volta para a Turquia, impedindo-os de alcançarem território europeu.
A notícia é avançada esta manhã pelo “The Independent”, a poucas horas de começar um antecipado encontro entre líderes europeus e o governo turco — a nona cimeira europeia no espaço de um ano para tentar encontrar respostas para a crise humanitária que assola a União Europeia desde 2013.
Depois de sucessivos falhanços na gestão da crise migratória, e perante as milhares de novas chegadas diárias ao continente, a UE pretende agora convencer a Turquia a aceitar “migrantes irregulares” de volta, usando o governo do Presidente Recep Tayyip Erdogan como cão de guarda das suas fronteiras. O primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu já disse que irá aceitar de volta todos os “não-sírios” que cheguem à Grécia.
“Usar a Turquia como ‘país terceiro seguro’ é absurdo”, acusa Gauri Van Gulik, vice-diretor da Amnistia Internacional para a Europa e a Ásia Central. “Muitos refugiados ainda vivem em condições terríveis, alguns já foram deportados para a Síria e as forças de segurança [turcas] até já dispararam contra cidadãos sírios quando tentavam atravessar a fronteira”, acusou.
A Amnistia é uma das várias organizações não-governamentais que estão a alertar para os riscos de usar a Turquia como guarda-costas da União Europeia, isto já depois de no ano passado Bruxelas ter oferecido 3000 milhões de euros à Turquia e promessas de facilitar a atribuição de vistos a cidadãos turcos que queiram visitar o continente, em troca de ser o país a reduzir o número de pessoas fugidas de guerras e repressões violentas que tentam alcançar o território europeu. Neste momento, há cerca de 2,6 milhões de requerentes de asilo e migrantes a viver em campos de refugiados na Turquia, na sua maioria sírios.
De acordo com o “The Independent”, alguns dos refugiados serão enviados de volta para a Turquia pela NATO, que já está a patrulhar o mar Egeu para intercetar migrantes que tentam desembarcar na Grécia. A essas patrulhas vão agora juntar-se navios da Marinha britânica, deverá anunciar esta segunda-feira David Cameron, que irão alargar as missões em curso para as águas territoriais da Grécia e da Turquia.
Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)