Restaurantes algarvios incentivados a dar sobras aos pobres

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Numa época de crise, com quase 30 mil pessoas no desemprego, metade dos municípios algarvios já aderiu a uma iniciativa que pretende pôr os restaurantes e empresas a ajudarem a matar a fome na região. As câmaras de Silves, Portimão, Faro, Olhão e Albufeira já estão a trabalhar no projeto.

A região algarvia está a atravessar um dos períodos socioeconómicos mais complicados da sua história, com o aumento drástico dos índices do desemprego e da pobreza nos últimos dois anos. E não são apenas os números e os dados estatísticos que o dizem. São as autarquias, as paróquias, o banco alimentar, as instituições de solidariedade e os vizinhos que já não têm mãos a medir para responder a tantas solicitações e pedidos de ajuda desesperados.

Perante esta situação difícil, cerca de metade dos municípios da região aderiu à campanha nacional “Direito à Alimentação”, uma iniciativa promovida pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que conta com o alto patrocínio do presidente da República e o apoio da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).

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A lista de municípios que aderiram a esta iniciativa só vai ser divulgada nos próximos dias, mas o JA sabe que inclui os concelhos algarvios de Silves, Portimão, Faro e Olhão, bem como outros “três ou quatro” (sem esquecer Albufeira, onde abriu recentemente uma cantina social), revelou ao nosso jornal Susana Leitão, da AHRESP.

“Neste momento, ainda estamos a receber inscrições em grande quantidade das câmaras municipais e nota-se uma grande adesão no Algarve”, referiu a responsável.

Segundo os promotores da campanha, o principal objetivo é “fornecer aos cidadãos e famílias carenciadas meios de alimentação que resultam do aproveitamento dos excessos de produção, designadamente de restaurantes e cantinas”.

Municípios sinalizam famílias carenciadas

No âmbito da adesão a esta ação de solidariedade, a participação dos municípios algarvios passa pela sinalização das famílias e cidadãos carenciados, assim como pela indicação das instituições de solidariedade social existentes no concelho.

Depois, as autarquias têm de identificar as instituições que possuem meios próprios de transporte de alimentos e as que possuem refeitórios onde possa ser possível acolher as sobras de refeições.

Aos municípios cabe ainda o papel de sensibilizar potenciais parceiros nesta iniciativa solidária, nomeadamente os estabelecimentos de restauração do concelho, e incentivá-los a aderir a esta causa social.

“A ideia é criar uma rede de estabelecimentos solidários que possa garantir o fornecimento de refeições a cidadãos e famílias carenciadas”, acentua a câmara de Silves, apelando à participação dos restaurantes locais.

“Tratando-se de uma causa solidária que poderá mudar, em muito, a qualidade de vida de pessoas carenciadas e que permitirá que as mesmas tenham acesso a refeições mais dignas, a autarquia apela à adesão dos estabelecimentos de restauração do concelho a esta campanha”, refere a câmara municipal.

Cabe agora aos restaurantes algarvios associarem-se à iniciativa para dar aos mais carenciados as sobras de comida que, de outra forma, acabariam no lixo.

Para garantir a qualidade dos alimentos, a AHRESP e a ASAE estão a criar caixas especiais de transporte. Os restaurantes podem depois ligar às autarquias para que estas recolham a comida e a encaminhem para as instituições melhor preparadas para fornecer a refeição aos carenciados.

(Mais pormenores na edição em papel do Jornal do Algarve – dia 17 de fevereiro)

Nuno Couto / Jornal do Algarve
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