Universidade de Coimbra integra projeto para aumentar resiliência da apicultura

Neste projeto será igualmente avaliado o impacto da vespa asiática nas colónias de abelhas

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Um projeto internacional do qual faz parte a Universidade de Coimbra (UC) quer aumentar a resiliência da apicultura a fatores de stress abióticos, como mudanças climáticas, perda de habitat e compostos químicos, nomeadamente pesticidas, foi anunciado esta semana.

O projeto, denominado ‘Better-B’, é financiado pelo Horizonte Europa, programa para o financiamento da investigação e da inovação na União Europeia, junta 17 instituições de vários países e foi contemplado com cerca de seis milhões de euros, divulgou a UC.

Nos próximos quatro anos, os investigadores vão abordar diferentes tipos de fatores de stress através de monitorização, experimentação e modelação ecológica, explica a academia.

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Citado numa nota de imprensa, o investigador José Paulo Sousa, do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e coordenador do projeto nesta universidade, explicou que “as colónias de abelhas melíferas estão muitas vezes mal-adaptadas para lidar com estes fatores de stress, em grande parte devido às práticas modernas de apicultura”.

“A chave para uma apicultura resiliente é aproveitar o ‘poder da natureza’ para restaurar a harmonia e o equilíbrio dentro das colónias e entre as colónias e o meio ambiente, ambos perturbados pelas atividades humanas”, referiu.

José Paulo Sousa sustentou que a solução passa por “compreender os processos e mecanismos que se aplicam na natureza e adaptar as práticas apícolas modernas e a tomada de decisões em conformidade, e quando adequado, utilizando os benefícios das tecnologias avançadas”.

O também docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia adiantou que no âmbito do ‘Better-B’ vai ser feita uma “avaliação da qualidade dos recursos florais em diferentes habitats e ainda as interações entre planta-polinizador”, para “compreender melhor os fenómenos de competição entre as abelhas melíferas e espécies de polinizadores selvagens em situações de abundância e escassez de recursos, recorrendo a monitorização e experimentação”.

Os dados recolhidos vão servir “para alimentar modelos para avaliar a ‘capacidade de carga’ de diferentes tipos de habitats e, ainda, para desenvolver ferramentas de tomada de decisão sobre como melhorar a estrutura do habitat em termos de recursos alimentares e balancear a atividade apícola e conservação/aumento da biodiversidade de polinizadores”, informa a UC.

A equipa do ‘Better-B’ vai também avaliar o impacto da “complexidade da paisagem e da contaminação por pesticidas no desempenho das colónias”, utilizando métodos de avaliação desenvolvidos e testados no âmbito do projeto ‘B-Good’, do qual a faculdade faz parte. Este último, divulgado em dezembro de 2019, passava pela realização de testes com colmeias inteligentes de baixo custo, para melhorar a gestão dos apiários.

“Serão avaliados os efeitos de determinados fatores abióticos na sensibilidade a pesticidas, realizando ensaios ecotoxicológicos com abelhas melíferas para avaliação de efeitos letais e subletais. A UC é a única instituição de ensino superior em Portugal a realizar este tipo de ensaios”, destacou José Paulo Sousa.

Neste projeto será igualmente avaliado o impacto da vespa asiática nas colónias de abelhas.

“Aqui, utilizaremos métodos de monitorização e será uma extensão de dois projetos da UC em parceria com as comunidades intermunicipais das regiões de Coimbra e Viseu Dão Lafões”, acrescentou o investigador.

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