Verão vai medir falta de mão de obra no Algarve

O presidente da ADHP falava em entrevista antecipando o 19.º congresso da organização, marcado para 30 e 31 de março, em Albufeira

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A Associação dos Diretores de Hotéis De Portugal (ADHP) acredita que os resultados das medidas para colmatar a falta de mão de obra no setor serão visíveis no verão, sobretudo no Algarve, embora desconfie que ainda vão escassear trabalhadores.

Fernando Garrido mostrou-se otimista, ainda que com ressalvas, quanto ao sucesso das políticas adotadas, sobretudo o aumento dos salários e os acordos com outros países para importação de mão de obra, para solucionar a falta trabalhadores no setor, uma situação crítica em 2022.

“Vamos ter o resultado exatamente nesta época alta, mais no Algarve, que foi das regiões que mais sofreu com a falta de recursos [humanos]. Existiram unidades que não reabriram [pós-pandemia] por falta de recursos”, uma realidade que, segundo Fernando Garrido, “foi transversal” a todo o país.

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O presidente da ADHP falava em entrevista antecipando o 19.º congresso da organização, marcado para 30 e 31 de março, em Albufeira, e durante o qual os problemas de mão de obra e os salários no setor serão temas em debate.

Fruto das medidas citadas, bem como de uma alteração de política na retenção de trabalhadores na época baixa para garantir mão de obra para a alta neste início de ano, o presidente da ADHP assegura já se sentir que existem mais trabalhadores no setor.

“Há um paradigma que mudou. Quando as atividades tinham um decréscimo de procura nós dispensávamos algumas pessoas. Este ano começámos a retê-las mais, ou seja, fizemos um esforço na época baixa, no sentido de guardarmos as pessoas para depois não termos a dificuldade de recontratar e formar”, disse.

“Neste momento, já sentimos que existe mais mão de obra no mercado. Não sabemos se será suficiente. Acreditamos que ainda não será”, acrescentou.

Explicou que, no caso dos contratos por acordos com imigrantes, essa força de trabalho vai “ajudar substancialmente”, nomeadamente numa primeira fase a cobrir áreas de menor contacto com o cliente, dada a falta de formação com que chegam ao país.

Apesar de aplaudir as medidas tomadas, Fernando Garrido diz que não serão suficientes se não se conseguir proporcionar condições de sustentabilidade da vida pessoal com a profissional.

“Temos escassez de mão de obra e também temos pouca atratividade para os colaboradores. Temos uma área de negócio que trabalha 365 dias por ano, 24 horas por dia e é inevitável que todos os colaboradores tenham que trabalhar sábados, domingos, feriados, dias santos e afins. Temos de fazer o equilíbrio. É inevitável que o façamos, porque só dando esse equilíbrio aos colaboradores é que conseguiremos atraí-los”, disse.

Confrontado com o facto de os próprios patrões afirmarem que a qualidade de serviço na hotelaria caiu em 2022, fruto destes constrangimentos, Fernando Garrido reconheceu essa realidade, assinalando ainda que houve um “aumento substancial do preço de compra para o cliente”.

“Toda a forma de acolher colaboradores mudou na hotelaria. Antes recebíamos os colaboradores, sabíamos que tinham uma formação base e tratávamos da formação de acolhimento. Desde o ano passado, começámos a receber colaboradores sem qualquer tipo de formação, da área ou de fora da área, e começámos a ter que formá-los para esse efeito, para acolher”, disse.

“Mas, para além disso, deparámo-nos com situações de falta de saber estar. Isso é muito crítico na área em que estamos, porque o saber estar é a base”, lamentou.

Formação permanente foram as palavras-chave em 2022, já que “a rotatividade [de trabalhadores] foi muito alta”.

Dada a grande procura do setor por trabalhadores, o responsável revelou que “o aliciamento era tal que um colaborador estava hoje e amanhã deixava de estar”.

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