“Estamos de portas abertas. Há refugiados ucranianos de viagem para cá, cuja família questionou se o município tinha forma de os acolher e é claro que sim”, refere o autarca de Vila Real de Santo António ao JA.
Tratam-se de familiares de residentes ucranianos do concelho de Vila Real de Santo António, do sexo feminino, uma vez que os homens não estão autorizados a sair da Ucrânia.
“Serão duas ou três famílias, mas virão mais com certeza. Infelizmente a situação é esta”, acrescentou Álvaro Araújo ao JA.
Para acolher os refugiados, o município vai dialogar com os hoteleiros do concelho para “que cada um disponibilize aquilo que pode: um quarto, dois quartos, aquilo que for possível da parte deles”, refere.
O autarca revelou ainda ao JA que possivelmente será criada uma Zona de Apoio aos Refugiados, utilizando todo o material que estava preparado para as Zonas de Apoio à População relativas à covid-19.
Esta zona de apoio poderá vir a ser criada no primeiro andar da escola localizada perto do Farol de Vila Real de Santo António ou em algum pavilhão do concelho.
“Temos o material, é só arranjar o local e depois o apoio à alimentação, mas esse é mais fácil”, disse Álvaro Araújo ao JA.
Esta novidade foi anunciada ao JA após a vigília solidária que decorreu na Praça Marquês de Pombal, ao final da tarde de quarta-feira, que contou com centenas de participantes a apelar à paz.
A praça do município de Vila Real de Santo António ficou pintada com as cores da bandeira da Ucrânia, com vários apelos à paz e ao fim da guerra iniciada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin.
A comunidade ucraniana residente no concelho marcou presença nesta iniciativa, apelando por ajuda para o seu povo e cantando o hino nacional, enquanto uma carrinha recolhia bens alimentares e não alimentares, que serão entregues a associações humanitárias.
Em forma de homenagem a todos os que estão a sofrer com a guerra, o evento contou com a atuação de Nádia Catarro e da Escola de Dança “Splash”, que é dirigida por duas cidadãs ucranianas.
No final, o microfone esteve disponível para todos os presentes que quisessem dar as suas palavras de apoio e as cores azul e amarelo, da bandeira da Ucrânia, ficaram a iluminar o edifício da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António.
Escola de Dança “Splash” Nádia Catarro
Autarquia condena ataques da Rússia
“O município de Vila Real de Santo António, que orgulhosamente represento, manifesta a sua total solidariedade para com o povo ucraniano e condena de forma qualquer tipo de ataque militar perpetrado pela Rússia contra a Ucrânia”, disse Álvaro Araújo, no seu discurso, após distribuir flores amarelas pela população presente.
O autarca acrescentou que “em pleno século XXI, a diversidade de interpretações do mundo deve ser debatida e resolvida em prol da concórdia e procurando sempre soluções pacíficas que passem pela via diplomática”.
“Considera-se inaceitável a promoção de qualquer tipo de conflito que possa interferir com os direitos humanos adquiridos por qualquer cidadão do mundo. É o que está a acontecer neste momento e tem de parar imediatamente. Estamos solidários com o sofrimento infligido ao povo ucraniano”, refere.
O presidente da autarquia de VRSA Álvaro Araújo
Salientando que o município está solidário com a Ucrânia “neste momento difícil”, o socialista garante que “tudo fará para orientar e apoiar as suas comunidades ucranianas no que estiver ao seu alcance”.
“A integridade territorial da Ucrânia deve ser respeitada, bem como a sua soberania. Acreditamos num quadro de valores institucionais e morais que precisam de ser postos em prática imediatamente. A agressão nunca trás soluções benéficas e constitui o mais animalesco e repugnante gesto que um ser humano por infligir contra o seu semelhante. Ao invés, acreditamos no diálogo que vários parceiros europeus estão a tentar estabelecer e que inclusivamente já foi encetado entre a Rússia e a Ucrânia. O entendimento deve passar por uma solução diplomática, urgente e concertada. Dirijo um forte apelo à paz mundial, sem barreiras nem fronteiras mas incondicional e permanente”, conclui.