A primeira edição do Jornal do Algarve depois da Revolução de Abril chegou às bancas no dia 27 daquele mês (48 horas após a queda do antigo regime). Com a edição concluída e a caminho da impressão na gráfica, o Jornal do Algarve ainda conseguiu dar eco a um comunicado do Comando das Forças Armadas no qual este garantia que “o movimento tinha triunfado, com a rendição do Chefe do Governo”.
Num texto de quatro parágrafos, era explicado que tinha deflagrado “em vários pontos do País um movimento militar envolvendo grandes efetivos”, com ocupação “das emissoras de Rádio, a Televisão e objetivos de valor estratégico”.
“Tanto na capital como na Província a população mostrava-se calma, seguindo com avidez os acontecimentos. As edições dos jornais [diários] esgotaram-se rapidamente, formando-se grupos em volta dos possuidores de pequenos rádios portáteis. Nos cafés da Província, numerosas pessoas aguardavam também os comunicados feitos através da Televisão”, lia-se naquela edição.
A maioria da população algarvia sentia uma mistura de felicidade, perplexidade e algumas dúvidas em relação ao que se estava a passar.
Domingos Viegas
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(Excerto da reportagem publicada na edição impressa do Jornal do Algarve da passada quinta-feira, 20/04/2017)