Adolescente morto em tiroteio na favela do Alemão

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Os traficantes tentaram ontem retomar o Alemão, complexo de favelas no Rio de Janeiro ocupado desde 2010 pela Força de Pacificação do Exército. Os confrontos resultaram na morte de uma adolescente de 15 anos.

O Complexo do Alemão voltou esta semana a ser palco de confrontos. Primeiro entre tropas do Exército e moradores. Segundo, com traficantes. De acordo com a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, o tiroteio ocorrido ontem foi provocado quando um grupo de traficantes, fortemente armados, tentou retomar as favelas, desde o ano passado controladas pela chamada Força de Pacificação, formada por oficiais e tropas do Exército.

O tiroteio provocou a morte de uma adolescente de 15 anos, Ana Lúcia da Silva, atingida na cabeça por uma bala perdida quando saia da escola na favela Nova Brasília, quefoi hospitalizada mas acabou por ter morte cerebral às 20h15, e vários feridos, um dos quais por estilhaços de granada.

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Os confrontos levaram a um reforço de cerca de 100 homens nas favelas. Polícias do Bope – Batalhão de Operações Policiais Especiais , que é a Força de Intervenção da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, equipados com um “caveirão”, o carro blindado da corporação. Todos os acessos às favelas da região foram encerrados.

Hoje, a Força de Pacificação divulgou um comunicado atribuindo a operação policial no Compelo do Alemão aos tiros dados por traficantes na tentativa de intimidar o Exército.

Como num filme de ação

De acordo com a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, um grupo de 50 traficantes, divididos em 10 carros, chegou a um acesso da favela Nova Brasília a atirar em várias direções. Um dos alvos eram as lâmpadas nos postes elétricos, tendo a região ficado às escuras. O bando era liderado pelo traficante conhecido como 2D, fugitivo da favela da Mangueira que está ocupada pelo Exército desde junho.

Segundo o comandante da Força de Pacificação, general Cesar Leme, o narcotráfico continua presente nas comunidades do Alemão e da Vila Cruzeiro (zona norte do Rio), só que de forma itinerante. “Se a gente (militares) sair do Complexo, as pessoas voltam a ser controladas pelos traficantes”, disse.

De acordo com o general Cesar Leme, o ambiente no Complexo do Alemão começou a ficar mais tenso após o Exército anunciar que vai continuar no morro até junho de 2012.

A reação dos traficantes terá sido provocada também na sequência do encerramento, pelo Exército, de quatro depósitos de venda ilegal de gás explorados por traficantes (os moradores eram obrigados pelos traficantes a só comprar gás nesses postos de venda).

Exército reprime manifestação

No domingo, registaram-se os primeiros confrontos, envolvendo 80 soldados e cerca de 20 moradores do Alemão. Doze pessoas ficaram feridas, incluindo dois soldados da Força de Pacificação. Segundo o Twitter do “Voz das Comunidades” – jornal dos habitantes do morro da Alvorada-, tudo começou quando alguns militares pediram a um grupo de moradores para baixar o som da televisão durante um jogo de futebol. Os moradores não deram atenção, e os militares desligaram a televisão, dando origem aos confrontos, que resultaram em dois feridos e três detenções. Os militares terão usado balas de borracha e gás pimenta para dispersar a multidão. O blogue do jornal refere que várias mulheres e crianças foram atingidas pela ação dos militares. A Força de pacificação diz que os moradores que provocaram o conflito estavam embriagados.

Segundo testemunhas ouvidas pela imprensa brasileira, houve novos confrontos entre militares e moradores na segunda-feira. O tumulto aconteceu por volta das 22h, na localidade conhecida como Alvorada, após o término de uma manifestação contra a atuação dos militares na região. Os manifestantes foram à rua em protesto, a pedir a saída do Exército do Complexo e implantação de uma UPP- Unidade de Polícia Pacificadora.

O Exército e o Ministério Público Federal já abriram inquéritos para apurar a participação dos militares nos confrontos

JA/Rede Expresso
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