Allgarve perde um ‘l’ e milhões da animação

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Turismo do Algarve está sem dinheiro e apreensivo com anunciada extinção do programa Allgarve. Animação vai ser feita com a prata da casa.

A Orquestra do Algarve, os conservatórios regionais, escolas de arte, de música e de dança. A prata da casa, como lhe chama António Pina, presidente do Turismo do Algarve, é a única saída em cima da mesa para manter animação no Algarve com parcos recursos.

“A ideia é promovermos aquilo que as câmaras municipais já estão a fazer, ver aquilo que é interessante, como o Festival da Sardinha, as feiras medievais, o Festival do Marisco, por exemplo e promover esses eventos”, explica o responsável.

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Aliás, com 100 mil euros – verba que António Pina diz ser a única disponível para alimentar a animação turística no Algarve – também não será possível ir muito longe, garantiu o presidente do Turismo do Algarve em conferência de imprensa hoje realizada em Faro.

“Aquilo que seria bom era que houvesse depois dois ou três grandes eventos que assentassem em cima deste programa que estamos a preparar, com isso eu já ficaria satisfeito, mas isso já depende da Secretaria de Estado”, afirma.

Caminho vai ser “pedregoso”

Resignado com o corte de 30% no orçamento para a Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA), responsável apenas pela promoção no mercado interno, António Pina admite que muita coisa mudará nos próximos tempos, a avaliar pela situação financeira do país e as intenções do Governo de reestruturar as entidades responsáveis pela promoção turística, concentrando nas regiões de turismo o papel que até aqui estava reservado às associações de turismo.

Poderá ser o caso da Associação de Turismo do Algarve – ATA – responsável pela promoção externa e que contou em 2011 com um orçamento de 6,2 milhões de euros, semelhante ao absorvido pela ERTA, que dispende anualmente cerca de metade, três milhões, só em custos fixos com os vencimentos dos gestores e restantes funcionários.

Ao todo, a ERTA dá emprego a 110 pessoas, ainda que as peças promocionais – campanhas de televisão, rádio, outdoors, brochuras, sites – sejam habitualmente contratadas em outsourcing.

Questionado pelo Expresso sobre eventuais cortes com pessoal, António Pina foi perentório: “Não estarei disponível para trocar recursos humanos por promoção”, disse, confiante de que a via do diálogo é o caminho a seguir. “Mas o caminho é pedregoso”, admite.

Informado pelos jornais

Aliás, António Pina soube pelos jornais da intenção do Governo de extinguir o programa Allgarve, declarações da secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles numa feira de turismo em Madrid onde António Pina também esteve presente.

“Falámos sobre a reestruturação, mas foi uma conversa breve, não tive oportunidade de falar com ela sobre este assunto”, diz, referindo-se ao programa Allgarve.

Entretanto, antes ainda da conferência de imprensa de hoje do Turismo do Algarve, a secretária de Estado do Turismo tinha dado o dito por não dito, garantindo em declarações à agência Lusa que o assunto – o fim do programa Allgarve – está ainda em análise.

Uma coisa é certa: “Nós não vamos ficar reféns de assuntos menores, como a questão do nome, se tem um ‘l’ ou dois ‘ll’. Aquilo que sabemos é que o maior destino turístico nacional tem de ter um plano de animação”, conclui António Pina.

O programa Allgarve teve início em 2007, sob a tutela do então ministro da Economia, Manuel Pinho, com orçamentos que rondaram os cinco milhões de euros anuais. Do programa fazem parte diversas áreas, como a música, a arte, o desporto, a gastronomia e a animação.

JA/Rede Expresso
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