O Banco Central Europeu (BCE) decidiu deixar de aceitar a dívida grega como colateral (garantia) nos empréstimos aos bancos. O comunicado divulgado esta quarta-feira à noite justifica esta decisão com o facto de, neste momento, “não ser possível garantir que a revisão do programa grego terá sucesso” mas lembra que esta medida apenas se destina aos títulos e mantém o acesso dos bancos ao financiamento do BCE.
As regras do BCE exigem que os títulos usados como colateral nas operações de cedência de liquidez tenham nota mínima de investimento (não lixo) em pelo menos uma das quatro agências de rating consideradas, que são as três principais – Standard & Poor´s, Moody´s e Fitich – e também a canadiana DRBS. Portugal, por exemplo, só tem a classificação mínima exigida na DRBS.
A Grécia está em ‘lixo’ em todas as agências mas as regras do banco central prevêem que a dívida dos países sob resgate esteja dispensada deste mínimo. Até porque as intervenções têm normalmente associados empréstimos aos bancos do país e estes, naturalmente, têm posições relevantes em dívida dos próprios Estados.
Com a existência de dúvidas sobre a continuidade do programa grego, o BCE levanta esta dispensa (waiver) que vigora a partir do dia 11 de fevereiro. Significa isto que, a partir dessa data, os bancos (gregos ou não) com dívida grega entregue como garantia terão que a substituir por outros ativos. Esta medida afeta mais os bancos gregos que são credores relevantes do Estado helénico.
É de esperar, com esta decisão, uma pressão adicional para a desvalorização da dívida grega no mercado e dificuldades adicionais para a banca da Grécia. No entanto, o BCE lembra que os bancos afetados poderão sempre contar com os seus bancos centrais nacionais, o que remete para os empréstimos de emergência que podem sempre ser usados (ELA – Emergency Liquidy Assistance) e que já estão a ser aplicados na Grécia.
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